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O táxi que tem falado pouco a sua língua

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Por Monica Manir
Atualização:

''''O táxi que fala a sua língua'''' tem sido econômico nas palavras. Lançado pela ministra do Turismo, Marta Suplicy, no dia 12 de junho, o projeto foi pensado para facilitar a comunicação do turista com os taxistas no Pan. Consiste no seguinte: o motorista disca *2007 num celular habilitado por uma das quatro operadoras e o repassa ao visitante-passageiro. Este diz o que deseja a um tradutor de inglês ou espanhol que, por sua vez, repassa o pedido ao motorista em bom português. Assim vai, no esquema viva voz, até a corrida sair a contento. Quem fala do outro lado da linha são 64 alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). ''''Os tradutores são muito bons e o projeto tem qualidade, mas até agora só usei o aparelho com três passageiros, e um deles era uma brasileira que queria testar o sistema'''', reconhece Jorge André Pereira da Silva, um dos 124 motoristas de posse do celular. O fluxo de turistas não foi mesmo o esperado, pelo menos no banco de trás dos amarelinhos. As cooperativas reclamam que o movimento ficou na mesma. A Transcootour, que atende aeroportos e shoppings, registrou pouca diferença na média de 600 corridas por noite de sábado, dia de maior procura. ''''O problema foi o aumento de 20% nas corridas, que afugentou os passageiros'''', aposta Luiz Carlos. A Prefeitura do Rio autorizou os taxistas a circular com bandeira 2 entre os dias 12 e 29 de julho. Há quem impute o banco vazio às vans contratadas pelos hotéis para levar seus turistas de um lado para outro. ''''Eu acho, isso sim, que o sistema foi mal divulgado'''', afirma Jorge André, voltando a ''''El táxi que habla su idioma''''. Os 124 carros exibem um adesivo lateral indicando o serviço de tradução gratuito, nem sempre percebido pelo passageiro. Quem às vezes salva a lavoura é o folder explicativo no porta-revistas do táxi. Muitos hotéis, parceiros em potencial, desconhecem o serviço. ''''Nunca ouvi falar, senhora'''', assume o concierge do Copacabana Palace. ''''Não sei o que é, mas posso tentar descobrir'''', afirma, de boa vontade, o atendente do Iberostar. A boa vontade dos tradutores da Uerj parece não ter limite. Fazem o meio de campo, esclarecendo preço da corrida e locais de destino, e indicam o lugar das provas. Eduardo Bareli, tradutor de espanhol, tem de ter jogo de cintura com motoristas que interferem na conversa falando portunhol. Saia-justa é quando o turista pergunta onde ficam as prostitutas ou onde podem comprar droga. ''''O sistema não dá esse tipo de informação'''', salienta Isabel Almeida, tradutora de inglês.

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