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Os assustadores

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Por VERISSIMO
Atualização:

Mesmo que não faça mais nada a partir de agora, a Costa Rica já ganhou o troféu "Quem diria?" desta Copa do Mundo. O país que não tem exército, o que já asseguraria nossa simpatia, caiu numa chave com três campeões mundiais (Inglaterra, já eliminada, mais Uruguai e Itália) e não apenas sobreviveu como prevaleceu. Desta vez, nem Jesus Cristo, que joga com o pseudônimo de "Pirlo", salvou os italianos. Já a França se juntou à Holanda e à Alemanha como os três times mais assustadores da Copa, e Karim Benzema se juntou a Arjen Robben e Thomas Müller como os três melhores atacantes do torneio. E gostei de ver outro baixinho, como o Sterling da Inglaterra, brilhando e incomodando: o sensacional francês Valbuena, que tem de talento o que lhe falta em tamanho. Os baixinhos, afinal, não estão extintos no futebol moderno.Sexo na grande área. Já contei que fui à minha primeira Copa - a de 1986, no México - como correspondente da revista Playboy. Não foi fácil. A publicação é mensal, e a edição em que sairia minha matéria fecharia antes do fim da Copa, me obrigando a escrever como se soubesse o resultado, mas às cegas. Pior do que isso, no entanto, foi ter de explicar a quem via minha credencial o que um correspondente da Playboy estava fazendo numa Copa do Mundo. Não me ocorreu a resposta que me ocorre agora: eu estava lá só para cobrir os escanteios, que é quando o futebol mais se aproxima do sexo. Na cobrança de escanteios, o que se vê dentro da área é o que se veria numa orgia - camisetas sendo quase arrancadas e calções puxados para baixo, dedos entrando no orifício mais próximo e todos se agarrando. Nem sempre foi assim. A cobrança de escanteios costumava ser uma confraternização. Os dois times reunidos dentro da grande área e, enquanto a bola não vinha, conversando, trocando fotos das crianças etc. Essa erotização do escanteio é um fenômeno relativamente recente. Mas também é por causa do agarra-agarra, que os juízes tentam coibir mas não podem controlar, que deixou de valer aquela velha máxima segundo a qual "corner" era meio-gol. Em tempos mais inocentes, era. Hoje, é tão raro sair um gol de escanteio quanto alguém sair da grande área, depois de um escanteio batido, sem estar moralmente comprometido.

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