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Os erros e os problemas

Boleiros

Por Daniel Piza e daniel.piza@grupoestado.com.br
Atualização:

Muito mais interessante do que adivinhar resultados de partidas é ler a história de uma grande partida. Infelizmente, o clássico entre São Paulo e Palmeiras foi jogado em bom nível, mas manchado pelo gol irregular de Adriano logo aos 11 minutos, o que nem o mais tresloucado torcedor pode dizer que não influi no placar. Se não fosse por esse e outros erros da arbitragem, hoje poderíamos falar apenas de técnica e tática e, quem sabe, celebrar a minguante oportunidade de ver tantos bons jogadores num mesmo gramado brasileiro. Mesmo assim, há muitas questões para analisar, para além das arbitrais. Luxemburgo é um grande técnico e sabe que o Palmeiras jogou abaixo do que pode e do que vinha jogando. Muricy contou com a volta de Alex Silva e escalou o time com seus três bons e entrosados zagueiros, o que sempre o deixa mais seguro - até porque dá proteção para Richarlyson, que vinha atuando muito atrás. Zé Luís marcou individualmente Valdivia, que não foi a primeira vez que se deixou afetar por isso, e Hernanes teve certa liberdade para apoiar ao lado de Jorge Wagner, novamente o responsável pelas assistências para Adriano. Em conseqüência, o Palmeiras não conseguiu criar espaços. Os alas estavam presos, os atacantes se movimentavam pouco e era freqüente ver Léo Lima procurando alguém para fazer a ligação. Mesmo o erro de Gustavo no segundo gol do São Paulo, tosco que tenha sido, mostra que havia problemas na saída de bola. Diego Souza é bom jogador, mas um pouco mole; só no segundo tempo apareceu para buscar jogo no meio. Luxemburgo colocou Lenny e Denilson justamente para abrir os caminhos, com dribles pelas pontas - ao que apenas Lenny correspondeu, tanto que sofreu pênalti claríssimo de Alex Silva. O São Paulo foi ligeiramente superior na tática, ao longo de bom trecho da partida, mas isso não significa que o 2 a 1 tenha sido ''justo'', como andei lendo e ouvindo. Além de não existir justiça numa diferença obtida com gol de mão (obviamente intencional, pois não existe explicação biomecânica para um braço estar mais à frente do que outro), a afirmação deixa de lado o fato de que, ao todo, o Palmeiras finalizou mais vezes e com mais perigo; Alex Mineiro acertou a trave e Rogério fez pelo menos duas ótimas defesas. Como muita gente supunha que o Palmeiras fosse bem superior ao São Paulo, no oba-oba de sempre, há agora uma inversão de perspectivas, como se o time do Morumbi não tivesse mostrado problemas. Afinal, mais uma vez criou a maioria de suas chances a partir de bolas paradas. No próximo domingo, sem Zé Luis para ser o carrapato do chileno e sem Richarlyson para exibir fôlego na esquerda, terá de voltar com o intempestivo Fábio Santos e o veterano Júnior. De novo, a equação será o descuido defensivo de um contra a limitação ofensiva do outro - oxalá sem erros graves do juiz. E todos os palpites ficarão em suspenso por 90 minutos. Ainda bem. P.S. - Repito uma sugestão: por que não ter juízes de linha, como existem no basquete e vôlei? Sei que há resistência a decisões baseadas em videotape - discordo, mas respeito - porque mesmo este pode ser dúbio. Mas um simples auxiliar na linha de fundo teria visto com clareza o toque de Adriano.

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