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Os mistérios do velho lago de Interlagos

Em outros tempos, barcos com bombeiros ficavam de prontidão na água; local está cheio de carcaças e peças antigas

Por Ciro Campos
Atualização:

SÃO PAULO - Em 1990 o GP do Brasil voltou a ser disputado em Interlagos depois de dez anos. O autódromo estava reformado, de traçado novo, e com uma antiga preocupação no quesito segurança. Um barco tripulado por bombeiros ficava de prontidão navegando no lago em frente à freada depois da reta oposta, com a responsabilidade de ser um 'salva-vidas' caso algum acidente fizesse o piloto sair da pista e cair na água. Felizmente esse tipo de resgate nunca foi necessário no local que guarda pilhas de 'entulho' automobilístico e um amontoado de histórias.Ter um barco perto de uma pista de Fórmula 1 até parece cenário de Mônaco, mas foi uma tradição nos primeiros tempos de Interlagos. O autódromo foi inaugurado em 1940 e por muito tempo não teve muro de proteção na curva do lago. Quem mais se aproximou de entrar na água a bordo de um carro foi o bicampeão mundial Emerson Fittipaldi. Quando ainda começava na carreira ele saiu da pista e parou com o bico do carro no barranco, perto da água. Há 20 anos não fica mais nenhum 'salva-vidas' no lago porque isso é considerado desnecessário. Segundo a organização, a menor distância entre a margem e a pista é de 20 metros, porém um alto muro de proteção torna quase impossível que um carro caia na água, embora tantos restos de veículos estejam por lá. "Muitas carcaças e peças eram jogados no lago antigamente. Mas garanto que hoje a qualidade da água é boa", diz o administrador do autódromo, Chico Rosa.Nos anos 1960 era comum que os consertos nos carros fossem feitos fora dos boxes, principalmente nos acostamentos. Após os reparos, restavam peças e motores sem condições de uso. A solução era se desfazer do 'problema' no lago. No ano que vem, com a nova reforma a ser realizada, a largada vai mudar para a reta oposta, que precisará ser aumentada para atender as especificações. O traçado será alterado, o lago, jamais. "Nele não se mexe até por questões ambientais", disse Chico Rosa. A presença do barco de resgate continua descartada.

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