Os segredos da coreografia de Daiane

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Por Agencia Estado
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O agricultor Rubens Martins, de 80 anos, é um grande apreciador de música, principalmente brasileira. Pois foi ele quem sugeriu o "Brasileirinho", de Waldir Azevedo, para a coreografia de solo de Daiane dos Santos, que será apresentada na final por aparelhos da ginática artística na segunda-feira, no Olympic Hall de Atenas. A ginasta vem treinando o duplo twist esticado - que lhe daria todas as chances de conseguir uma medalha - e muito bem. Mas a decisão final será mesmo apenas no aquecimento da competição e será tomada pelo técnico Oleg Ostapenko. A maior rival de Daiane no solo é a romena Catalina Ponor, que na qualificação atingiu a nota 9.687, à frente da chinesa Fei Cheng, com 9.650, e da brasileira, com 9.637. Na final por equipes (para a qual o Brasil não se classificou), Catalina fez 9.750 no solo - a garota tem sua coreografia em cima de uma música grega, "Géia", facilmente acompanhada com palmas pelo público. As romenas tradicionalmente escolhem músicas dos países ondem estão competindo, o que pode ajudar a ginasta: o público vibra, aplaude, pode até influenciar "um pouquinho" os árbitros, na visão de Eliane Martins, a chefe da equipe do Brasil. "Mas o ´Brasileirinho´ também é muito aplaudido. A música é muito conhecida, todos identificam com Brasil." Quem acabou lembrando do "Brasileirinho" para a coreografia de Daiane foi seu Rubens, o pai de Eliane Martins. "Meu pai é agricultor, mas nossa família é muito musical. Tive avô músico, três tios, uma prima. Meu pai é um grande conhecedor de música", contou. Passo a passo - Quais os dez passos entre a escolha da música - que não pode ter letra, no caso da ginástica artística - e a apresentação da coreografia de Daiane dos Santos? Primeiro: no centro de treinamento de Curitiba, a comissão técnica começa a pensar em um chorinho. E seu Rubens vai sugerindo. Um é muito lento, outro muito rápido, outro não encaixa adequadamento nos movimentos da ginática. Até que surge o "Brasileirinho". Segundo: Maria Ângela Molteni, prima de Eliane, faz o esboço do arranjo. Terceiro: a música é mostrada para Daiane. Se ela não gostar, nada feito. Ela gosta. Quarto: Maria Ângela finaliza o arranjo. Quinto: o cavaquinho não fica bem, se gravado eletronicamente. Um músico, Serginho, bem jovem, cerca de 20 anos (filho do dono do Bar do Nilo, que tem música brasileira ao vivo, em Curitiba), é chamado para uma gravação ao vivo, no estúdio de Maria Ângela. Sexto: é montada a coreografia pela técnica Bárbara Laffranchi, da ginástica rítmica desportiva, a GRD, que treina em Londrina, em conjunto com Ronaldo Ferreira, o Roni, que participa dos treinos em Curitiba, mais Nádia, a mulher de Oleg Ostapenko, que é coreógrafa. Sétimo: meio caminho andado. Agora vale a opinião de Daiane, quanto aos movimentos que gosta ou não, que se sente bem ou não, as "sambadinhas". Oitavo: é montada a série. Os locais onde são colocadas as acrobacias - no caso de Daiane são quatro passadas. O técnico Oleg Ostapenko decide os elementos a serem usados. Nono: Daiane começa a treinar. Décimo: é realizada a limpeza das acrobacias e a série está pronta para ser apresentada.

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