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País árabe gastou pelo menos 33 mi na compra de votos

Dinheiro foi usado para pagar dívidas de aliados ou seduzir os votantes; suspeita-se que Ricardo Teixeira seria um deles

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Por GENEBRA
Atualização:

O Catar distribuiu cheques, presentes, pagou dívidas de seus aliados e teria gasto milhões de dólares para comprar votos na Fifa. Foi isso que revelou a revista France Football que trouxe há dois meses uma investigação sobre a ação do país para receber a Copa. Entre os suspeitos de terem vendido seu voto está o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que na época era também uma das 24 pessoas dentro da entidade que votaram para a escolha das sedes. Segundo a revista, um dos indícios do envolvimento de Teixeira seria o amistoso entre Brasil e Argentina, em novembro de 2010, justamente no Catar. Se a cada jogo a CBF recebia em média US$ 1,2 milhão, o Catar decidiu para aquele amistoso distribuir US$ 7 milhões ao brasileiro. Julio Grondona, presidente da Associação de Futebol da Argentina, também teria ficado com outros US$ 7 milhões. Um único amistoso, portanto, teria custado ao país árabe US$ 14 milhões. Grondona, de fato, ainda teria recebido uma proposta do Catar para sanar as dívidas dos clubes argentinos, um presente de US$ 78 milhões.Outra suspeita em relação a Teixeira é seu acordo assinado com os sauditas da ISE, dando à empresa o direito de realizar os amistosos da seleção brasileira por dez anos. Segundo a revista, a companhia na realidade seria uma empresa de fachada, com sede nas Ilhas Cayman. O acordo foi assinado, ironicamente, no Catar.A enquete mostra que a ISE teria dado à Confederação Asiática de Futebol outros US$ 14 milhões para o "uso pessoal'' de seu presidente, Mohamed Bin Hammam, do Catar e aliado de Teixeira. O brasileiro teria votado em Hammam para presidente da Fifa. Mas o árabe foi suspenso do futebol antes da eleição, após ter sido pego pagando propinas. A investigação da revista revela ainda como diversos outros cartolas da Fifa foram agraciados pelo Catar com investimentos, construção de campos e escolinhas, promessas de alianças e até patrocínio. No total, os árabes gastaram oficialmente 33 milhões com a promoção de sua candidatura. O Catar ainda bancou o Congresso Africano em Angola por 1,2 milhão, além de promover um banquete de US$ 1 milhão durante a Copa de 2010. A festa foi organizada pelo filho de um dos cartolas da Fifa que votaria na eleição da sede. Outros países com cartolas com poder de voto ganharam escolinhas de futebol: Tailândia, Nigéria, Costa do Marfim, Guatemala e o Paraguai de Nicolas Leoz. "Eles (Catar) compraram a Copa'', escreveu Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, em um e-mail.A operação do Catar chegou até mesmo em níveis de chefes de Estado. A revista revela um encontro sigiloso entre o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy com Tamin bin Hamad al Thani, emir do Catar, que também tratou da Copa de 2022. O encontro era, na realidade, para abrir as portas para a compra do PSG pelos árabes, salvando o clube de uma falência. Em troca, a França daria seu voto para o Catar na Copa. Michel Platini, o único francês que vota na eleição da Fifa, estava presente na reunião e foi convencido a mudar de opinião. Ele teria votado pelos Estados Unidos. Mas acabou dando seu apoio ao Catar. Seis meses depois, os árabes compraram o PSG por 50 milhões, a rede Al Jazeera investiu 140 milhões no mercado francês e o filho de Platini foi contratado pela QSI, empresa de marketing esportivo do Catar.

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