27 de janeiro de 2014 | 02h05
Mas, cáspite, negar tendências equivale a ficar no muro - o que é pior ainda para a reputação do bendito comentarista. Então, como estamos aqui para o que der e vier, emendo de primeira: o Palmeiras da largada da temporada 2014 deixa boa impressão. Se Gilson Kleina não tem elenco requintado, pelo menos recebeu opções para montar equipe competitiva, dentro dos padrões nacionais.
A base vem da turma que disputou a Série B no ano passado, com o amadurecimento que a experiência amarga proporciona e com a autoestima elevada pelo retorno à elite. O elenco passou por depuração e desembarcaram no Palestra alguns rapazes para oferecer alternativas ao técnico. Ok, noves fora o fato de ser muito cedo para passar entusiasmo para a torcida, ontem se saiu muito bem o recém-chegado Marquinhos Gabriel. Entrou no lugar de Mazinho (apagado) e participou dos dois últimos gols nos 4 a 1 sobre o Atlético Sorocaba. Tornou o meio-campo mais ágil e criativo. Logo mais, Bruno César ficará à disposição.
Importante, também, a presença de Valdivia. O chileno, tratado como porcelana frágil, estreou na competição e seguiu o roteio que dele se espera: fintou, passou, discutiu com adversários, catimbou e fez gol. Nada do repertório habitual ficou fora. Ou melhor: faltou o drible no vácuo ou o que o valha.
A defesa carece de ajustes - e para tanto serve o torneio doméstico, adequado para observações e afinação para saltos maiores, como a Copa do Brasil e o Brasileiro (sabe-se lá com quantos participantes). Lúcio e Henrique se expuseram além da conta, nos primeiros minutos em Sorocaba, ao ficarem no mano a mano com Ewerthon. Na terceira tentativa, o atacante deixou o Atlético em vantagem. Corrigida a falha, com Marcelo Oliveira a cobrir os espaços, o trabalho da zaga fluiu.
O Palmeiras, sem alarde, parece embicar na direção certa. Antes, precisa de tempo - o mesmo vale para os rivais de igual expressão. O palestrino é impaciente, mas não custa deixar Kleina e seus moços um pouco em paz. Quem sabe não dá samba? Tá bem, tarantela, para os mais nostálgicos e apegados às raízes italianas, como o Nilson Pasquinelli, o diagramador do Estado que tem sangue verde nas veias. Exagerado, já pediu para uma vizinha costureira fazer faixa de campeão. Calma, Nilsão, seu time gosta de fortes emoções e tem muito chão pela frente!
Tricolor se ajeita. Muricy Ramalho segue a fase de testes no São Paulo, como parte do programa de preparação. Diante do Oeste, deu chance ao goleiro reserva Denis e já jogou o lateral Pereyra na fogueira. O uruguaio que veio da Inter de Milão não se intimidou, cobrou faltas e escanteios, foi à linha de fundo e saiu de campo sob aplausos. O zagueiro Antonio Carlos, de vez em quando afoito na marcação, teve tarde de herói, com os gols nos 2 a 1. O São Paulo está em busca do equilíbrio de que tanto careceu no Brasileiro de 2013.
Recaída corintiana. Na noite de sábado, fantasmas do ano anterior rondaram o Corinthians e fizeram estrago, na derrota por 1 a 0 para o São Bernardo. A equipe, sob a direção de Mano Menezes, repetiu erros da reta final da era Tite. O pecado maior concentrou-se na escassa criatividade na construção de jogadas de ataque e em finalizações toscas. O treinador reconheceu deficiências e lançou alerta em torno de Pato, titular desde o início, mas substituído (sob vaias) no segundo tempo: "Há jogadores que, em determinado momento da carreira, ficam estagnados." Recado claro.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.