Pancadaria 2: judô, revolta com juiz gera briga entre torcedores

PUBLICIDADE

Por MAIR PENA NETO
Atualização:

O judô protagonizou o pior espetáculo dos Jogos Pan Americanos do Rio e talvez até a pior batalha campal da história da competição. Foi um combate de gente grande, que envolveu, entre outros, o duplo medalhista olímpico Aurélio Miguel, a ex-jogadora da seleção cubana de vôlei Regla Torres e dois atletas da delegação cubana de judô. A confusão envolveu o ligeiro Yosmany Pike, que poucos minutos antes perdera a medalha de ouro na categoria até 60 quilos, e o meio-pesado Oreides Despaigne, medalha de ouro aqui no Rio na categoria até 100 quilos. Tudo começou na final da categoria até 52 quilos disputada entre a brasileira Érika Miranda e a cubana Sheila Espinosa. As duas empataram, sem pontos, no tempo normal e foram para o desempate em um confronto de 5 minutos com golden score, ponto de ouro -- quem marcasse primeiro, levava o ouro. Faltando menos de dois minutos, o juíz Juan Chalas, da República Dominicana, declarou a vitória da cubana por conta de um falso ataque da brasileira. Imediatamente o público começou a vaiar enquanto a técnica da brasileira, Rosicleia Campos, xingava o árbitro e gritava para todo mundo ouvir: "É palhaçada". Enquanto a lutadora cubana e seu técnico davam a volta no tatame em direção à zona mista, onde atletas conversam com jornalistas, o público começou a atirar pedaços de papel e copos de água nos dois. Nessa hora, um brasileiro não identificado começou a bater boca com atletas e dirigentes cubanos que estavam sentados em frente às mesas onde ficam locutores e comentaristas de televisão. O bate-boca gerou um empurra-empurra. Aurélio Miguel, duplo medalhista olímpico na categoria meio-pesado em Seul (ouro) e Atlanta (bronze), entrou na confusão aparentemente tentando apartar a briga. Ato contínuo, dois cubanos partiram para cima do brasileiro. O primeiro, Yosmany Pike, da categoria ligeiro, foi jogado de volta por Aurélio. Fez o trajeto de volta mais rápido do que o de ida. O segundo, Despaigne, também tentava apartar a briga mas foi surpreendido por Regla Torres, que tentava agredir Miguel. O combate generalizado foi interrompido por efetivos da Força Nacional de Segurança, que depois escoltaram a delegação cubana para fora do ginásio. Depois de uma rápida limpeza no local e recuperação das cadeiras que tinham sido arrancadas, foi anunciada a cerimônia de entrega de medalhas. Foi a vez do público protestar mais. Primeiro gritaram em coro "essa medalha é nossa". Depois cantaram o Hino Nacional. "A decisão do juiz foi acertada, o problema é que ele não usou o mesmo critério durante a luta, quando a cubana também fez um falso ataque", disse Aurélio Miguel após a confusão. O programa das lutas do dia seguiu com a vitória de João Derly, mas a única maneira de viabilizar a entrega de medalhas para as meninas foi uma jogada de marketing esportivo para acalmar o público. Atletas e dirigentes das delegações de Cuba e do Brasil protagonizaram o espetáculo da conciliação pós-combate entrando no tatame de mãos dadas para uma sessão de abraços e beijos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.