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Pane, virada e vaga na final

Pela primeira vez, seleção vence a Alemanha. E foi de goleada (4 a 1), com show de Marta e Cristiane

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Por Robson Morelli
Atualização:

A seleção brasileira feminina de futebol disputará a segunda final olímpica consecutiva em sua história. Ganhou esse direito após golear ontem a Alemanha por 4 a 1, com gols de Formiga, Cristiane (dois) e Marta. Em Atenas quatro anos atrás, o time ficou com a prata. É mais uma chance de conquistar o ouro inédito. O segundo lugar já está garantido. Mas não interessa. Marta e companhia querem o título. E, agora, mais confiantes, após a quebra de um tabu: a seleção jamais vencera as alemãs - até então haviam jogado sete vezes, com quatro derrotas e três empates. Numa repetição da final na Grécia, a decisão na China também será entre Brasil e Estados Unidos. A equipe americana venceu ontem o Japão por 4 a 2 na outra semifinal e também se classificou. Se os Estados Unidos ganharem, serão bicampeões olímpicos. Japão e Alemanha brigarão pelo bronze. As partidas acontecem na quinta-feira. O jogo com a Alemanha, a maior rival no futebol feminino, pode ser contado em três palavras: susto, reação e virada. Repetindo as atuações das fases anteriores, o time dormiu no começo do confronto e foi surpreendido por um gol da atacante Prinz, seu décimo em olimpíadas. Somente ela e Cristiane têm a marca. O gol da alemã surgiu de um erro de marcação da defesa e tirou a tranqüilidade do time até quase metade da etapa inicial. A atacante Marta estava irreconhecível, errando passes e fazendo faltas ríspidas. Poderia ter sido expulsa após uma entrada desleal em Stegemann. Mas a fraca árbitra norte-coreana Eun Ah Hong nem sequer a advertiu, no lance, com cartão amarelo. Era preciso reagir, portanto. Quando o Brasil colocou a bola no chão e parou de entrar na correria das alemãs, os quase 27 mil chineses no Estádio Olímpico de Xangai viram um outro duelo. Não havia mais dúvidas de que a seleção ganharia. Formiga empatou no finalzinho do primeiro tempo. Era tudo de que o Brasil precisava. O intervalo seria ainda mais decisivo. Foi no vestiário que o técnico Jorge Barcellos "virou" a partida. "Tem horas que você precisa ser duro com as meninas. É preciso cobrar sem dó. O time precisava ser forte e ouvir as broncas. Elas voltaram com o espírito renovado. Isso vez a diferença a nosso favor." O s dois gols, de Cristiane e Marta, antes dos dez minutos do segundo tempo, eram a resposta esperada por Barcellos. Era o fim das alemãs. As campeãs do mundo estavam fora da decisão do ouro. De novo. Cristiane ainda teria tempo para fazer o quarto gol brasileiro. Mas seria provocada ao deixar o campo de maca após jogada mais dura de uma alemã. "Quando estava no chão, uma delas veio perto de mim e disse para eu não chorar. Aí a Formiga teve a idéia de a gente sair do vestiário, depois do jogo, cantando e batucando. Não gostamos de provocações. Mas ela disse para eu não chorar. E no final quem chorou foram elas."

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