Para quebrar o tabu

O paraense Myke Carvalho tenta, em sua 2ª Olimpíada, pôr o Brasil no pódio após 40 anos

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Por Redação
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O boxe brasileiro vai para Pequim com a difícil missão de conquistar uma medalha, feito só obtido pelo peso mosca Servílio de Oliveira, há 40 anos, nos Jogos da Cidade do México. Os seis pugilistas classificados para entrar em ação de 9 a 24 de agosto no Ginásio dos Trabalhadores, na capital chinesa, sabem que o sorteio das chaves será decisivo para um bom desempenho. O meio-médio-ligeiro (até 64 quilos) paraense Myke Carvalho só tem 24 anos, mas, ao lado do meio-pesado Washington Silva, é o mais experiente. Ele esteve em Atenas/2004. ''Fiquei deslumbrado com a quantidade de pessoas, o tamanho daquilo tudo'', recorda. ''Subi no ringue e minhas pernas não paravam de tremer.'' Resultado: derrota na primeira rodada para o porto-riquenho Alexander de Jesus por 39 a 24. Com a bandeira do Brasil tatuada no ombro esquerdo, Myke confia chegar às quartas-de-final. Serão 28 atletas em sua categoria. Com sorteio a seu favor, talvez precise de apenas duas vitórias para atingir esse objetivo. ''Daí para frente, tudo poderá acontecer. Mais uma vitória e a medalha estará garantida'', disse o lutador, que faz treinamento intensivo em Cuba, junto com os companheiros de equipe Washington Silva, Paulo Carvalho, Robenilson Vieira, Robson Conceição e Everton Lopes. Ao contrário dos boxeadores cubanos, que fogem do regime de seu país para buscar dólares no exterior, ou dos pugilistas mexicanos, que cada vez mais cedo se tornam profissionais, Myke Carvalho promete não sair do amadorismo. ''Meu estilo não combina com o profissional.'' Vindo de uma família de pugilistas de Belém - seu tio Dalgírio Ribeiro foi profissional -, Myke começou no boxe em 1994. ''Ia sempre ver meus primos treinarem.'' Subiu pela primeira vez em um ringue aos 15 anos e com 16 já estava na seleção brasileira. Aos 21, representou o País nos Jogos de Atenas. Nas duas últimas Olimpíadas, o Brasil só conseguiu três vitórias. Foram duas em Sydney/2000 e uma em Atenas/2004. O currículo de Myke nos últimos quatro anos mostra que está em condições de brigar pelo pódio. No Mundial de 2005, ele venceu na estréia um adversário de Hong Kong por nocaute e passou bem na segunda rodada pelo dinamarquês Farhan Abdulla, por 27 a 12, até perder para Maharramov Emili, do Azerbaijão, por 29 a 18. Em 2006, foi campeão em um forte torneio na Venezuela. No mesmo ano, conseguiu uma importantíssima vitória, por pontos, sobre o cubano Carlos Banteur, que somava mais de 200 lutas e tinha sido campeão mundial juvenil e medalha de prata da Copa do Mundo de 2005. No Pan do Rio, no ano passado, Myke foi medalha de bronze , mas ficou bem próximo da final, quando perdeu para o norte-americano Karl Dargan nas semifinais por apenas um ponto. A vaga para Pequim veio na última chance, de forma dramática, no Pré-Olímpico da Guatemala. Myke perdeu na semifinal para o dominicano Manuel Diaz. Valente, o paraense não desistiu e foi para a disputa do bronze, que valia a vaga. Vitória emocionante, por 3 a 2, diante do argentino Gumersindo Carrasco. Myke foi o último pugilista brasileiro a garantir lugar na China. ''Os últimos serão os primeiros'', brinca. NÚMEROS 24 anos tem o pugilista paraense 1,80 metro é altura do boxeador 64 quilos é a categoria do lutador 1 olimpíada disputou o atleta 0 vitória tem em Jogos Olímpicos

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