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Paris usa Mundial para levar Jogos de 2012

Por Agencia Estado
Atualização:

No Stade de France não havia propagandas da candidatura da capital francesa aos Jogos Olímpicos de 2012 - Rio, Madri, Londres, Moscou, Leipzig e Havana são os outros concorrentes. A sede da Olimpíada será escolhida em julho de 2005. É proibido usar o Mundial de Atletismo, a mais importante competição oficial da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), para fazer propaganda. Mas Paris quer que a organização do evento lhe sirva de vitrine na disputa. Com o Mundial, Paris mostrou capacidade de organização, um excelente sistema de transporte e boas instalações esportivas, com o Stade de France, para 70 mil pessoas. E um povo que não fala - nem parece querer aprender - inglês ou espanhol. Em compensação, os parisienses não apedrejam mais as lojas do McDonald?s, que já servem vinho ao lado de coca-cola. Quem circulou pelos bastidores em Paris, acha que a candidatura da cidade será forte. "Eles estão tentando demonstrar, com o Mundial, a mesma capacidade de organização que Atenas mostrou em 1997. Lá, eles deram sorte de a votação da sede ser um mês depois", disse o presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo, membro do Conselho da IAAF, referindo-se aos Jogos de 2004, na Grécia. Gesta não duvida de que "Paris será uma candidata forte, embora o Rio tenha as belezas naturais como atrativo". Os dirigentes do atletismo ouviram que a capital francesa também vai usar seus cartões-postais para disputas esportivas. "O vôlei de praia, por exemplo, seria sob a Torre Eiffel e a esgrima na esplanada dos Invalides", disse o dirigente brasileiro. No Mundial de Atletismo, além das instalações do Stade de France - as arquibancadas avançam sobre a pista de atletismo quando o local é utilizado para o futebol - os parisienses querem impressionar com o transporte. Montaram uma linha especial de RER, um trem que leva os atletas da Cidade Universitária ao estádio em 17 minutos - da área dos alojamentos às dependências do estádio, os atletas gastavam meia hora, o que é muito bom para uma cidade como Paris, onde vivem 2 milhões de pessoas. Todos os envolvidos com o Mundial ganharam passe de transporte da empresa pública RATP, que administra o sistema - são 14 linhas de metrô, 5 de RER (inclusive para os aeroportos), e 2 de tramway, espécie de ônibus sobre trilhos, que circula na periferia. A empresa distribuiu pesquisa de opinião entre os usuários ligados ao Mundial. As linhas mais antigas do metrô estão sujas e abafadas neste quente verão parisiense - o ideal seria climatizá-las. As mais modernas têm vidros separando a plataforma da linha. No geral, o transporte será um ponto altíssimo na candidatura de Paris. Agberto Guimarães, diretor-técnico do Co-Rio, comitê que cuida da organização Pan-Americano de 2007, no Rio, veio a Paris como observador e aprovou a organização do Mundial. "Viemos para aprender", contou. Ele está acompanhado do secretário municipal de Esportes do Rio, Ruy César, que também tem interesse nos planos de Paris para 2012. "Achei a organização funcional." Agberto destaca o espetáculo, um show feito para a tevê, os telões do estádio e os fotógrafos, que inclui temas de filmes como Indiana Jones e Super-Homem, para valorizar os feitos dos atletas. "Acho até que a Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) vai aceitar esse tipo de coisa se for para incrementar o Pan. Ajudaria o público brasileiro a se envolver mais com esporte." Mas antes de pensar em espetáculo, o Rio terá de construir o Estádio Olímpico para o Pan - a idéia é inaugurar o local, ainda em fase de projeto, com um Grand Prix internacional de atletismo, em 2005.

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