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Passaporte biológico é nova arma

Federação de Atletismo faz controle 'sem precedentes' no Mundial e monta banco de dados dos atletas

Por Amanda Romanelli
Atualização:

SÃO PAULO - A Federação Internacional de Atletismo (IAAF) anunciou que coletará amostras de sangue de todos os atletas que estarão no Mundial de Daegu, na Coreia do Sul, que começa dia 27. A entidade informou que cerca de 2 mil competidores passarão pela coleta, o que é considerado como um controle "sem precedentes". O objetivo da IAAF vai além dos testes de doping na competição. A entidade admite que sua intenção é, também, a de formar o passaporte biológico, espécie de banco de dados com informações detalhadas do organismo de cada atleta. O médico Rafael de Souza Trindade, que faz parte da comissão antidoping da IAAF, explica que o sangue coletado poderá ser utilizado para ambas as análises. "O material retirado - ou seja, as amostras de sangue - é o mesmo. Com ele, duas análises podem ser realizadas", conta. "Uma seria o exame de doping convencional, com a busca por drogas. A outra é voltada para o passaporte biológico, na qual é feita a contagem de hematócitos, hemoglobina, que será usada para estabelecer um padrão para cada atleta." Em Daegu, os testes de urina (cerca de 500) servirão para buscar apenas substâncias proibidas.A utilização do passaporte biológico foi formalizada pela Agência Mundial Antidoping (Wada) em 2009, e adotada pela IAAF, como teste, no mesmo ano. O método consiste em fazer exames de sangue periódicos nos atletas e, a cada nova amostra, comparar os padrões. "Há uma análise estatística complexa, mas eficaz, para se fazer essa comparação", diz Trindade. "Caso algo de anormal seja detectado, o atleta é quem fica com o ônus da prova. Ele é que vai ter que provar que está limpo."A Corte Arbitral do Esporte (CAS) já criou jurisprudência para que os dados comparativos do passaporte sejam aceitos para a suspensão por doping. A União Ciclística Internacional (UCI), pioneira na implementação do passaporte biológico, conseguiu que dois atletas italianos, Franco Pellizotti e Pietro Caucchioli, fossem suspensos por dois anos. A Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) também pretende adotar o passaporte biológico nos próximos meses. A informação é de Thomaz Paiva, presidente da Agência Antidoping da entidade. "Estamos esperando apenas a definição de procedimentos da IAAF para segui-los."Positivo. Às vésperas do Mundial, a Jamaica pode ter perdido um atleta importante nas provas de velocidade. Steve Mullings, dono da 3.ª melhor marca do ano nos 100 m com o tempo de 9s80, foi pego em exame realizado durante o Campeonato Nacional, em junho. O resultado não foi confirmado oficialmente pela Federação Jamaicana.Mullings é reincidente e, caso o positivo seja confirmado, deve ser banido do esporte. O atleta de 28 anos cumpriu 24 meses de suspensão entre 2004 e 2006. Às vésperas dos Jogos de Atenas, ele foi flagrado com altos níveis de testosterona no corpo.

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