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Paulistão, uma ideia

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Por Paulo Calçade
Atualização:

E lá se foram 19 rodadas disputadas, três meses da temporada de futebol e uma sufocante série de partidas sem sentido até o Campeonato Paulista encontrar oito equipes aptas a disputar o título deste ano. Com os quatro grandes garantidos, além da Ponte Preta, o mais estável clube do interior, a caminho da fase final desde o início, a graça estava em descobrir os donos das três vagas restantes, que ficaram com Mogi Mirim, dono de ótima campanha, Botafogo e Penapolense.Agora, nas quartas de final e nas semifinais, uma única rodada eliminará os clubes. As 23 datas disponíveis não são mais suficientes para abrigar o sistema idealizado para prolongar a vida útil dos times pequenos. A ideia de mantê-los em atividade por mais tempo é ótima, mas evidencia o gigantesco desequilíbrio que vem matando o torneio. É simples entender a situação: são 190 jogos de classificação e somente oito até o campeão levantar a taça.Tradução: 96% de embates com raríssimos momentos de emoção contra 4% que valem o ingresso. O problema é a fórmula de disputa sustentada por um número excessivo de jogos inseridos no período mais importante da preparação para a temporada.A solução não é acabar com os campeonato estaduais, mas dar a eles a devida importância, que varia de acordo com a agenda de cada participante. É bem provável que a salvação do Mogi Mirim não tenha significado para o São Paulo. Uma das alternativas é diminuir a primeira fase. Com os 20 participantes dispostos em dois grupos, jogando um contra o outro.Depois de dez rodadas os quatro melhores de cada chave iniciariam o sistema eliminatório até surgir o campeão.Com 16 datas teríamos um Campeonato Paulista mais inteligente, mais emocionante e mais rentável. Até os patrocinadores iriam gostar da ideia.E os desclassificados depois da fase de grupos? Acabaria o campeonato para eles? Claro que não.As 12 equipes lutariam arduamente para permanecer na disputa da Primeira Divisão.Acomodadas em três grupos de quatro, em jogos de ida e volta, rebaixando os últimos colocados, apenas três clubes, situação que obviamente teria reflexos na Segunda Divisão.É só um desenho de torneio, não vai agradar a todos. O objetivo aqui é mostrar a possibilidade de melhorar o "produto" e torná-lo mais gostoso de assistir. Basta ter vontade de fazer e, acima de tudo, de pensar. Não podemos continuar fingindo que está tudo bem em partidas com 800 pagantes. O público sabe onde colocar seu dinheiro. Não fosse o Corinthians, conduzido pela onda da Taça Libertadores, do Campeonato Mundial e de um bem-sucedido projeto de sócios-torcedores, a média do Campeonato Estadual seria baixíssima. Expectativa. Agora nos resta esperar para ver como Palmeiras, São Paulo e Corinthians vão se comportar tendo pela frente compromissos bem mais importantes na competição sul-americana. Para Santos e Ponte Preta, o Campeonato Paulista é o que existe de mais importante, enquanto ainda esquenta a Copa do Brasil.

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