Pequim: destino gastronômico

Guias internacionais já têm edições dos restaurantes da cidade

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Por Daniel Piza
Atualização:

Para comer em Pequim não existe apenas o famoso Pato de Pequim. Não existem apenas restaurantes das cinco regiões gastronômicas da China, como a de Sichuan, mais apimentada, ou a cantonesa, mais delicada. Pequim destaca-se por uma oferta que inclui a culinária de diversos países asiáticos, como Coréia, Japão, Índia, Tailândia, Cingapura, Malásia e Vietnã. E cujos restaurantes têm estado cheios de turistas neste período de Olimpíada, até para poder variar de cardápio. Sim, existem restaurantes italianos, franceses, pizzarias, lanchonetes (principalmente KFC e McDonald''s), alguns alemães e até brasileiros, como churrascarias e o Alameda, de propriedade de um venezuelano, Daniel Aldala, mas chefiado por um paraibano, Valdemir Augusto, cujo bife foi eleito o melhor da cidade. Mas, em comparação com outras metrópoles, Pequim chama atenção pela quantidade de menus asiáticos. Isso mostra a crescente importância do país no continente, mas também sua abertura para outras culturas antes rivais. A cidade, que há 30 anos tinha apenas 700 estabelecimentos, todos estatais, hoje tem mais de 60 mil restaurantes, em consonância com o desenvolvimento capitalista do país. Muitos deles foram abertos recentemente, como o vietnamita Le Little Saigon (leia mais nesta página), e aproveitaram o aumento no poder aquisitivo e a mudança no estilo de vida dos habitantes de Pequim, cada vez mais misturados com estrangeiros. Não à toa os guias de culinária mundialmente famosos, como Michelin e Zagat, já possuem edições exclusivas para Pequim. O que mais comem os chineses quando não querem frango xadrez - "cumbau chicken", preparado em mais de 40 maneiras diferentes - ou outros pratos típicos? Churrasco coreano. Eles simplesmente são fãs da rede Han Na Shan, que tem mais de 20 endereços na cidade. Trata-se de ambientes simples, que fecham cedo, e cuja qualidade está nas carnes e nos cogumelos - cogumelos são uma paixão nacional aqui - que são grelhados à mesa e depois embebidos em molhos diversos. Além disso, o preço é baixo. Com menos de R$ 50, duas pessoas podem comer muito bem. Os japoneses também são numerosos, e muitos chineses gostam de comer sushis no café da manhã. Mas os restaurantes japoneses são badalados por um público bem mais cosmopolita, não raro em busca de comida menos gordurosa e apimentada do que a chinesa, apesar de semelhanças como o gosto por arroz sem sal e o uso de palitinhos. Um desses badalados é o Hatsune, na moderníssima região do Business District, o que faz dele endereço de executivos no almoço e namorados no jantar. Mas há também japoneses com ênfase nos grelhados, como o Tairyô, em Chayoang, ao lado do Estádio dos Trabalhadores. Essa região, por sinal, é a que concentra mais restaurantes estrelados. Ali perto estão os dois tailandeses mais conhecidos, o Banana Leaf e o Purple Haze. Os estilos são opostos. Enquanto o Banana Leaf é tradicional e tem uma decoração ostensivamente típica, com comida em geral muito apimentada, o Purple Haze tem um clima de bar moderno, com show de jazz para assistir enquanto se beliscam rolinhos primavera, mas sem se descuidar da autenticidade da culinária. Aventuras para estômagos mais resistentes estão em restaurantes como o indiano Taj Pavillion e o malásio Café Sambal, que carregam no curry. Se o Taj Pavillion, também em Chayoang, é considerado elegante e refinado, o Café Sambal fica num hutong (viela antiga, em geral pobre) em Xicheng e é rústico em todos os sentidos. Uma tendência em Pequim é a da culinária "fusion", que mistura culinária européia (francesa e italiana, principalmente) com asiática. O pioneiro dessa linha se chama The Courtyard e é famoso por sua vista para a Cidade Proibida. A lista poderia ir mais longe, mas os guias estão aí para isso. Pequim ainda vai avançar muito nos próximos anos como centro gastronômico de culinária asiática e internacional. Até a ótima carne australiana, o "angus beef", pode ser encontrada em lugares como o At Café, que fica na 798, a área das galerias de arte contemporânea. E ah, sim, o pato laqueado, que se come em lascas dentro de uma panqueca, em endereços chiques como o Da Dong, continua a ser indispensável.

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