Pequim inicia contagem de 100 dias para Jogos Olímpicos

PUBLICIDADE

Por BEN BLANCHARD
Atualização:

Com música, uma corrida com milhares de participantes e até orações, Pequim celebrou na quarta-feira (horário local) o início da contagem regressiva de 100 dias para o início dos Jogos Olímpicos -- na esperança de deixar para trás os tumultos ocorridos no último mês e responsáveis por ofuscar o brilho dos preparativos. Ao contrário do que aconteceu antes de outras Olimpíadas, os Jogos de Pequim, marcados para agosto, seguiram os planos e alguns estádios e outras instalações acabaram sendo concluídos até mesmo antes do previsto. Tudo está a ponto de bala. No total, a cidade gastou algo entre 35 bilhões e 40 bilhões de dólares para melhorar sua infra-estrutura, incluindo aí a construção de um novo terminal de aeroporto e linhas de metrô, bem como outros 2,1 bilhões para cobrir os custos de administrar os Jogos. Os preparativos tranquilos da capital chinesa para as Olimpíadas, no entanto, viram-se ofuscados pelo conturbado périplo internacional da tocha olímpica, marcado por manifestações contra o abuso de direitos humanos na China e, em especial, a política do país para o Tibete. Um dos pontos altos das festividades de quarta-feira é uma corrida ao redor do Parque Olímpico de Pequim com cerca de 10 mil moradores da cidade, parte da promessa do governo chinês de fazer desses Jogos as "Olimpíadas do Povo". Também haverá músicas celebrando o evento. E, na China oficialmente atéia, igrejas católicas de todo o país realizarão missas para orar "por Jogos bem-sucedidos", segundo a agência oficial de notícias do país, Xinhua. A cidade tentará a todo custo evitar a repetição do ocorrido no início da contagem regressiva de um ano, quando ativistas do grupo Tibete Livre escalaram a Grande Muralha da China, uma nuvem de poluição tomou conta de Pequim e uma chuva torrencial fez com que áreas da capital ficassem paralisadas. As ações das forças de segurança de Pequim intensificaram-se a olhos vistos nas últimas semanas depois de manifestações anti-China no Tibete e depois do revezamento conturbado da tocha. O governo chinês afirma ter frustrado planos de terroristas de atrapalharem os Jogos. PREOCUPAÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO A promessa da China de garantir total liberdade de expressão também vem sendo questionada, especialmente depois de o governo chinês ter criticado meios de comunicação estrangeiros por adotarem uma postura supostamente tendenciosa ao noticiar os protestos ocorridos no Tibete, em março. "Se houver permissão para que continuemos, a interferência nos meios de comunicação e as campanhas de ódio tendo por alvo meios de comunicação estrangeiros podem envenenar a atmosfera pré-Jogos para os jornalistas estrangeiros", afirmou a presidente do Clube de Correspondentes Estrangeiros da China, Melinda Liu, em um comunicado. "Conclamamos as autoridades a investigarem as ameaças de morte, que violam as leis chinesas, e a ajudarem de outras maneiras com vistas a criar um ambiente tal que signifique cumprir as promessas feitas em relação às Olimpíadas", acrescentou. A China criticou alguns grupos de defesa dos direitos humanos e alguns políticos europeus e norte-americanos que tentaram, segundo o país asiático, politizar os Jogos e que falaram em boicotar o evento devido às ações repressivas lançadas contra os manifestantes do Tibete. No começo desta semana, 100 atletas chineses e 2.000 voluntários das Olimpíadas realizaram uma promessa pública de manter o evento "puro" e de não permitir que seja influenciado pela política. Dirigentes do Comitê Olímpico Internacional (COI) elogiaram os preparativos para os Jogos. E os estádios conhecidos como Ninho de Pássaro e Clube Aquático foram recebidos com admiração no mundo todo.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.