‘Pipocas’ viram tormento da organização em prova da São Silvestre

Para tentar conter a entrada de pessoas que não estão entre as 30 mil inscritas, corrida de rua muda até trajeto e aumenta fiscalização

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Por Paulo Favero
Atualização:

A organização da São Silvestre promete fazer hoje um controle rígido nos arredores da avenida Paulista para evitar a presença dos “pipocas”, corredores amadores que não pagam a inscrição para a prova, mas participam do evento de alguma forma. A medida foi tomada depois que, no ano passado, 15 mil pessoas nessas condições, de acordo com estimativa dos organizadores, percorreram as ruas paulistanas ao lado dos 30 mil inscritos.

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A enorme quantidade de corredores não inscritos fez com que os copos de água, que são distribuídos para hidratação dos atletas, acabassem antes da hora, deixando muito competidor com sede. “No ano passado tínhamos 542 mil copos de água e neste ano aumentamos a carga para 720 mil. É o equivalente a 24 copos por inscrito”, explica Marcelo Braga, assessor de imprensa da Corrida Internacional de São Silvestre.

Giovani dos Santos, à frente, treina no Ibirapuera Foto: Gabriela Biló/Estadão

Uma das mudanças estratégicas para evitar o excesso de “pipocas” foi levar a largada um pouquinho mais para a frente na avenida Paulista. Com isso, será mais difícil que os penetras entrem antes do acesso ao túnel José Roberto Fanganiello Melhem, que desemboca na avenida Dr. Arnaldo. Para os organizadores, isso pode ajudar a diminuir o número de não inscritos.

“A questão dos ‘pipocas’ sempre existiu, mas costuma girar entre 3% e 4% em cada prova, e isso sempre foi absorvido pela organização. Mas no ano passado, o número chegou a 50% na São Silvestre. O que a gente quer é que continue tendo água para quem está correndo”, continuou Braga, lembrando que a inscrição para a corrida custou neste ano R$ 170.

Muitas pessoas reclamam dos valores, apesar de o evento atingir a lotação máxima de inscritos anualmente. Para caber mais gente, o percurso teria de ser transferido para outro lugar. Com isso, a prova perderia seu maior charme: a largada e a chegada em um ponto emblemático da cidade de São Paulo.

Corredores treinam no Parque do Ibirapuera Foto: Gabriela Biló/Estadão

Para quem for de metrô para a prova e descer na estação Trianon, por exemplo, o fluxo de passageiros será direcionado para a rua Pamplona. A partir daí, os inscritos terão de buscar acesso à área de competição. Entre 5h e 10h da manhã, os fiscais só permitirão atletas com número de inscrição no peito. O comitê organizador pede que os “pipocas” não compareçam pois “não há como dimensionar os serviços e o consumo excessivo pode gerar a falta de serviços e hidratação para os inscritos”.

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Hegemonia

Na disputa masculina, os brasileiros tentam quebrar a hegemonia de vitória dos africanos que vem desde 2011. No feminino, as atletas do Quênia e Etiópia ganharam todas as edições desde 2007. Para quem vem de fora, a São Silvestre empolga. “As pessoas daqui têm sido muito legais comigo. Quero terminar o ano com vitória”, avisou o queniano Paul Lonyangata, campeão da Maratona da Paris neste ano e que buscará sua primeira vitória na São Silvestre. No feminino, os destaques são a etíope Ymer Wude, sua compatriota Birhane Dibaba e a queniana Leah Jerotich.

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