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Piquet chia: ''Mosley não me chamou''

Ex-campeão ironiza polêmica sobre o dirigente: ?Quem nunca aprontou??

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Por Livio Oricchio
Atualização:

Ele deixou a Fórmula 1 em 1991, depois de conquistar três títulos mundiais - em 1981 e 1983, pela Brabham, e 1987, pela Williams. Mas havia tantos jornalistas ao seu redor, ontem, no Circuito da Catalunha, que parecia se tratar de um campeão atual. Nelson Piquet está em Barcelona para assistir, pela primeira vez, ao filho correr na F-1. E ao menos ontem Nelsinho, da Renault, não decepcionou: ficou em sétimo na sessão livre da manhã e em segundo à tarde. Kimi Raikkonen, da Ferrari, o mais rápido nos dois treinos. A sessão que define o grid do GP da Espanha será hoje, a partir das 9 horas, com TV Globo. O tempo passa e Nelson Piquet não muda. Irreverente, simpático, antipático, cortês, rude, imprevisível, inteligente, mordaz. Abordou, claro, o escândalo sadomasoquista em que se envolveu o presidente da FIA, Max Mosley. "Fiquei muito insatisfeito com ele", afirmou. Depois de alguns segundos, emendou: "Muito insatisfeito porque não convidou ninguém para a festa. Pergunta aqui na Fórmula 1 quem nunca fez uma sacanagem!" Pragmático, diz não ter emoção especial ao ver Nelsinho correr. "Emoção senti quando meu filho começou e compreendi que deu certo??, revela. "Não tenho bola de cristal, não sei onde pode chegar, mas acredito nele. Foi campeão em todas as categorias, exceto na GP2." Apesar dos 13 anos de Fórmula 1, com 204 GPs, Nelson quase não troca informações com o filho. "Acompanho as corridas pelo computador, para não escutar muita besteira no Brasil, e quase não nos falamos." Repórteres que o rodearam queriam saber sua opinião a respeito de tudo, como a iminente quebra do recorde de participações na F-1. Rubens Barrichello iguala em Barcelona a marca de Riccardo Patrese, 256 GPs, e supera o italiano na Turquia, no dia 11. "É...tinham de arranjar um recorde para ele e encontraram esse." Mas não há mérito em permanecer 15 anos na Fórmula 1? "Tem, sim, pela paciência de ficar aqui tanto tempo." Em breve, o patriarca da família Piquet voltará às pistas, na GT3, no Brasil. "Comprei um carro (Ford GT40) para fazer uma ou duas corridas, me divertir, xingar os outros." Escolherá a dedo onde irá: "Vou a Interlagos, Brasília. Nunca a Tarumã, Santa Cruz, que são perigosos." Mas fez questão de contar que, enquanto ele apenas "brinca de competir", outro Piquet começa a mostrar as garras para seguir seus passos. É Pedro, seu filho mais novo, de 8 anos, que corre na categoria cadete da Copa Centro-Oeste de kart. "É o melhor de todos", afirma Nelson. "É impressionante como leva a sério, como é constante, como vence. Nasceu vencendo." Sem receio de ferir ninguém, faz comparações: "Vejo pelo Nelsinho: demorou para se firmar no kart. Pedro não. E ninguém pode dizer que temos o melhor equipamento, porque é tudo sorteado." Cada vez que volta à F-1, Nelson conta sentir-se em outro mundo, bastante distinto daquele de seu tempo. "Fiz um treino com carro velho de Fórmula 1 e em seguida estreei. Hoje, parece ficção científica. O piloto tem de realizar 5 mil km de testes antes de estrear, precisa aprender como tirar tudo do carro, tantos são os recursos." Está mais difícil, no entanto, fazer sucesso, considera Piquet. "Os carros não quebram. Se o piloto é bom, ganha o campeonato. No tempo do Emerson (Fittipaldi) era pior", lembra. "Ele venceu 14 GPs. Eu vi ele ganhar três. Os outros caíram no seu colo. Largava em 7º, os carros à frente quebravam e ele chegava em primeiro."

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