Poluição, principal causa de doenças

30% do país recebe chuva ácida

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Por Cláudia Trevisan e PEQUIM
Atualização:

O crescimento de dois dígitos das últimas três décadas levou prosperidade à China, mas impôs um elevado custo ambiental e humano. Neste ano, o país asiático ultrapassou os Estados Unidos e assumiu a primeira posição entre os maiores emissores de gases que provocam efeito estufa, e a poluição é a principal causa de morte por doença entre seus habitantes. Apesar de assumir a liderança global, a China ainda tem uma emissão de gases per capita equivalente a um quinto da norte-americana, um indício de que sua contribuição à poluição mundial continuará a crescer, na medida em que a renda de sua população aumente. A origem da forte elevação da poluição na China é a rápida industrialização e o processo acelerado de urbanização dos últimos 30 anos. Entre 2000 e 2006, o número de habitantes das cidades aumentou em 120 milhões, para um total de 580 milhões, o que significa maior demanda por transporte e consumo. O grande problema é que a principal fonte da energia para sustentar esse ritmo de expansão é o carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, que responde por 68% da demanda chinesa. Como resultado desse cenário, 70% dos rios, lagos e reservatórios da China apresentam algum grau de poluição, 30% de seu território recebe chuva ácida e 20 das 30 cidades mais poluídas do mundo estão dentro de suas fronteiras. No ano passado, o Banco Mundial divulgou estudo segundo o qual a poluição provoca prejuízos anuais equivalentes a 5,8% do PIB chinês, algo como US$ 200 bilhões. A maior parte - 4,3% do PIB - diz respeito à morte prematura de pessoas decorrente da má qualidade do ar ou da água. O 1,5% restante é relacionado a danos materiais. Muitos dos milhares de protestos ocorrem no interior da China e a cada ano são provocados por camponeses que perdem suas lavouras em razão da poluição de rios e da terra por projetos industriais. A integração de 1,3 bilhão de pessoas ao mercado consumidor global é um processo que traz danos ambientais imensos. A cada dia, os chineses usam 3 bilhões de sacolas plásticas, a maioria das quais são descartadas de maneira imprópria. A utilização de 45 bilhões de pares de palitos descartáveis para comer a cada ano gera um pequeno desastre ecológico, com a derrubada de 25 milhões de árvores, o equivalente à quantidade plantada pela ONG norte-americana American Forest desde 1990 nos Estados Unidos e no restante do mundo. O governo chinês sabe que a poluição e a exaustão dos recursos naturais são uma ameaça à própria manutenção do atual ritmo de crescimento econômico. O país está entre os que mais investem em fontes alternativas de energia, como eólica, solar e nuclear, e tem metas ambiciosas de redução de emissões até 2010.

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