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Popó: "Encaro qualquer desafio"

Por Agencia Estado
Atualização:

O boxeador Acelino Popó Freitas, de 26 anos, está em Poconos, na Pensylvania, preparando-se para defender o título dos superpenas, versão Associação Mundial de Boxe (AMB) e Organização Mundial de Boxe (OMB), dia 3, em Phoenix, no Arizona diante do nigeriano Daniel Attah. Mais do que permanecer campeão e seguir invicto como profissional (ele soma 31 vitórias com 29 nocautes), Popó encara mais este desafio, sem subestimar o adversário, como uma preparação para vôos mais altos dentro do boxe internacional e para se tornar uma estrela do pugilismo dentro dos Estados Unidos, o centro mundial desse esporte. Disputar mais um título mundial dos superpenas, seja ele da Federação Internacional de Boxe (FIB) ou do Conselho Mundial de Boxe (CMB) é a prioridade para 2003. Subir para a categoria dos leves e conquistar mais um cinturão, igualando o feito do lendário Éder Jofre ? campeão dos galos e dos penas ? é o segundo objetivo. Para isso, Popó sabe que a preparação deve ser grande. Em entrevista à Agência Estado, por telefone, direto do quarto 1.726 de um hotel em Poconos, nos Estados Unidos, esse baiano de Salvador fala do seu treinamento com sparrings que ganham cerca de US$ 2 mil por mês. Da falta de patrocínio, da possível revanche contra o cubano Joel Casamayor, de quem arrebatou o título da AMB, em janeiro, e do combate previsto para dezembro, no Brasil, que ainda não tem adversário definido. Só uma coisa é certa na cabeça de Popó: ele vai desembarcar dia 6, em São Paulo ainda sem conhecer a derrota. Agência Estado ? Por que ir treinar nos Estados Unidos? Popó ? Aqui em Poconos, na Pensylvania, é um reduto dos campeões. Muitos deles, como Lennox Lewis (campeão mundial dos pesos pesados pelo CMB e pela FIB) vêm treinar neste lugar que fica rodeado de montanhas. O clima é muito bom e a tranqüilidade enorme. Aqui estou totalmente concentrado para o combate. São dois meses sem pensar em outra coisa. Você come, bebe e dorme boxe. A preparação é total. AE ? Como está sendo sua preparação para enfrentar Daniel Attah? P ? Treino em dois períodos, seis vezes por semana. Corro todas as manhãs por 40 minutos, o que representa uns oito quilômetros. Às segundas, quartas e sextas faço treinos com sparrings. São oito assaltos na segunda, dez na quarta e 12 na sexta. Às terças, quintas e sábados, treino no saco de areia, faço escolinha (treino de seqüências) e com aparelhos. AE ? Em dez semanas de treinamento isto representa aproximadamente 300 roundes de treino. São 25 combates de 12 roundes. P ? Mais ainda se contarmos também os três roundes iniciais de sombra e os quatro finais com o puchingball e de teto-solo, que são realizados em todos os treinamentos. AE ? E a qualidade dos sparrings? P ? Este é o maior motivo de treinar aqui nos Estados Unidos. Existe lutador de todo o jeito. Eles são sparrings profissionais e recebem até US$ 500 por semana só para nos ajudar nos treinamentos. AE ? Você encontrou um canhoto como Attah? P ? Sim. E ele é até mais pegador e mais rápido do que o Attah. AE ? Quais são as características do Attah? P ? Ele é canhoto, rápido, mas não é um pegador como eu. Ele também não possui a mesma experiência do Casamayor, que complicou o combate em janeiro. Mas esta é mais uma luta por título mundial. Tenho de encarar Attah da mesma forma que enfrentei Casamayor. Sei que ele tentará fazer a melhor luta de sua vida e estou preparado para tudo. AE ? Você vinha de uma série enorme de nocautes e nos dois últimos combates só venceu por pontos. Qual sua previsão para dia 3? P ? Acho que voltarei a vencer por nocaute, mas não sei dizer em que assalto isto vai acontecer. Não estou preocupado com isso. Diziam que eu era um lutador para no máximo três roundes. Provei que posso lutar em um ritmo forte durante 10 e 12 assaltos. Eu ainda possuo a maior média de nocautes para minha categoria. Eu não estou preocupado em vencer por nocaute. Eu só quero vencer. AE ? Sua vitória sobre Casamayor, obtida por pontos, causou muita polêmica. Muitos críticos apontaram o cubano como o vencedor. Você pretende dar uma revanche para ele? P ? Pretendo sim. Mas não agora. Ele me deixou esperando um ano e meio pelo combate de janeiro. Agora chegou a vez dele esperar. Mas vou lutar com ele e calar a boca dele. Ele falou demais. Da próxima vez, ele irá a nocaute. AE ? Existe algum lutador que pode derrotá-lo? P ? Respeito todos os meus adversários, mas acho que estou no melhor de minha forma e pronto para encarar qualquer desafio. Não temo ninguém. AE ? Os críticos destacam um combate entre você e o britânico Nassem Hamed como um dos mais aguardados. O que você acha deste desafio? P ? Acho que precisaria de dois roundes com Hamed. Um para ele correr e outro para eu chegar nele e nocauteá-lo. Meu treinador, Oscar Suarez, fez parte da equipe de Hamed e sei que eles não querem esta luta pois sabem da minha pegada. Por isso, acho que jamais irei enfrentá-lo. AE ? Depois de Attah, qual será seu próximo desafio? P ? Ainda não sei. Só sei que deverá ser no Brasil e em dezembro. Tem 50% já acertado. Restam apenas alguns detalhes de patrocínio. AE ? E por falar em patrocínio, você está com algum apoio? P ? Não. Tinha um contrato com a Globo.com, mas não foi renovado no ano passado. Estou procurando alguém para ajudar nas despesas com alimentação e treinamento. Fiz alguns comerciais, mas nada fixo. AE ? Você pensa em subir de categoria? P ? Talvez no ano que vem. Penso em disputar mais uma unificação de título mundial pelo superpenas. Meu empresário (Art Pellullo, da Banner Promotions) busca um acerto para tentar o título da FIB e depois do CMB ainda em 2003. Se não der certo, subirei para a categoria dos leves. Tudo vai depender das próximas negociações e das oportunidades que surgirão a cada combate. AE ? O peso não é mais problema para você? P ? Não. Me sinto bem, como bem e me sinto bastante forte. Uma possível mudança de categoria serviria apenas para dirigir melhor minha carreira ou trazer maior motivação. AE ? Na entrevista coletiva promocional para o combate contra Attah, terça-feira (dia 16), em um restaurante na rua Little Brazil, em Nova York, você vestiu a camisa da seleção brasileira e brincou com o penteado do Ronaldo? P ? Sim. Disse que ele precisava copiar o meu penteado pois tenho dois títulos mundiais e ele só um (risos).

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