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Prata do oito salva remo brasileiro de fiasco em casa

Por MAIR PENA NETO
Atualização:

A medalha de prata do oito com timoneiro salvou o remo brasileiro de um fiasco completo nos Jogos Pan-Americanos. Mesmo competindo em casa, o Brasil conquistou apenas três medalhas -- uma da prata e duas de bronze --, piorando seu desempenho em relação a Santo Domingo, onde ganhou quatro pratas e dois bronzes. O Brasil foi o sexto colocado no resultado geral, atrás do Chile, que conquistou um ouro e um bronze. Cuba foi o grande vencedor, com cinco ouros, uma prata e dois bronzes, seguido pelo Canadá (3 ouros, duas pratas e 2 bronzes) e pelos Estados Unidos (2 ouros, 5 pratas e 2 bronzes). Até o oito entrar na água, o Brasil tinha apenas dois bronzes, e um mau resultado do barco mais tradicional levaria o país a retroceder ao nível de seu desempenho em Havana, em 1991, quando conquistara apenas dois terceiros lugares. Uma raia mexida por vento contrário e com muita marola acabou beneficiando o oito brasileiro, que se não chegou a ameaçar os vencedores americanos, também impôs confortável vantagem sobre os argentinos, que ficaram a com a medalha de bronze. "As condições de vento eram horríveis e isso acabou nos ajudando por conhecermos mais a Lagoa", disse Anderson Nocetti, que também integrou o dois sem que levou medalha de bronze. "Saímos com calma e nossos adversários mais diretos foram afobados. Argentina e Cuba perderam o remo (ritmo das remadas) e nós fizemos uma prova bem técnica." Gibran Cunha disse que as marolas estavam muito fortes e que o Brasil definiu sua posição na prova logo na largada. "Até os 500 metros, Cuba e Argentina ainda vinham tentando buscar a gente, mas fomos atrás do barco americano e os deixamos para trás. A prata foi um fecho com chave de ouro, porque vencer os Estados Unidos no oito é uma certa pretensão", afirmou. Gibran foi crítico em relação ao desempenho brasileiro e reconheceu que nenhuma guarnição esteve perto do ouro. "Precisamos aumentar o investimento no remo, fortalecer as categorias de base e fazer mais regatas internacionais no Brasil", receitou ele para melhorar a modalidade. O timoneiro Gauchinho, 58 anos, que esteve no oito medalha de prata em Indianápolis, espera que o Pan no Rio estimule o ingresso de mais atletas na modalidade. "Precisamos ter mais remadores para montar os barcos. Nossa equipe está muito reduzida", comentou. Ronaldo Carvalho, que conquistou o último ouro do Brasil em Pans, em 1987, em Indianápolis, disse que o desempenho brasileiro deixou a desejar. "Para um Pan dentro de casa, o resultado não é bom. Teríamos que vir para pelo menos um ou dois ouros". Segundo Ricardo, o momento é de reflexão para analisar os erros e acertos e ver o trabalho que precisa ser feito para conquistar ouros nos próximos Pans. "Temos que analisar toda a estrutura, do clube à competição, da escolinha ao campeão, e ver o que está faltando no caminho", afirmou. Há 20 anos sem conquistar uma medalha de ouro, o remo, na opinião de Ricardo, passa a sofrer de muitas mazelas: "Sem resultado, o esporte perde mídia, patrocinadores e a renovação, o que dificulta ainda mais a conquista de novas medalhas."

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