PUBLICIDADE

Publicidade

Preocupação mais recente é o avanço da genética

Por Valeria Zukeran
Atualização:

Desde 2002, a Agência Mundial Antidoping (Wada) procura acompanhar de perto os avanços da genética. A preocupação da entidade é que, da mesma forma que as descobertas no setor têm ajudado a encontrar cura para doenças, elas também possam ser utilizados para melhorar o desempenho de atletas, criando o doping genético. Em termos gerais, o tratamento mudaria o patrimônio genético de uma pessoa de forma que ela produzisse mais hormônios, proteínas, ou outras substâncias naturais que pudessem ajudá-la a ter uma melhor performance em competições. O professor americano Theodore Friedmann, um dos especialistas que lideram o controle de doping genético da Wada, deu uma entrevista, publicada no site da entidade no fim de 2007, afirmando que há diversas maneiras de usar a genética no esporte. "O efeito positivo é a possibilidade de desenvolvimento de novos exames para detectar todo e qualquer tipo de doping. A Wada desenvolveu um importante grupo de pesquisa e estudos, o qual apontou que as ferramentas da revolução da genética moderna - do mesmo tipo que produziu o seqüenciamento do genoma há alguns anos - podem ser aplicadas para encontrar evidências de exposição a materiais ou métodos de desenvolvimento de performance." Mas há um lado ruim. "Os enormes avanços na terapia genética e os métodos de modificação de genes em humanos, para tratar doenças que ameaçam a vida, podem ser usados por alguém como uma nova forma de doping por introdução de genes - não para curar doenças, mas para melhorar o desempenho atlético", alerta. Segundo Friedmann, os genes controlam as funções dos músculos, células, tecidos sanguíneos e as formas como nossos corpos utilizam a energia e vários desses genes podem ser manipulados. O pesquisador disse não ter dúvidas de que existem pessoas no meio esportivo interessadas em doping genético. "Sei que pelo menos um proeminente treinador esportivo da Alemanha foi acusado de tentar obter material experimental desenvolvido para aumentar a produção de sangue em pacientes com câncer e doenças renais." O caso, segundo Friedmann, está sob investigação. O pesquisador também ressalta que estudos promovidos pela Wada em animais apontaram que em muitos casos a manipulação de genes pode ajudar a melhora da produção muscular e de células sanguíneas. "Mas também podem causar efeitos colaterais em vários genes que funcionam corretamente e nos processos metabólicos que eles regulam." A Wada procura acompanhar de perto os avanços nas pesquisas com genes e já investiu cerca de US$ 8 milhões )cerca de R$ 10,8 milhões) para estudos do doping genético.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.