Dias atrás, dois times entraram em campo e fizeram história. Pela primeira vez em quase duas décadas, ambos não estampavam em suas camisas logotipo de nenhum patrocinador. O jogo pelo campeonato mais rico do mundo - o inglês - envolvia West Bromwich e West Ham. Os dois eram patrocinados por empresas que faliram com a atual crise financeira mundial. A realidade é que as turbulências não poupam nem agremiações tradicionais. Na Inglaterra, vários clubes montaram equipes geniais baseados em patrocínios de alguns dos bancos que hoje sofrem para sobreviver. O futebol inglês possui investidores de todas as partes, jogadores do mundo todo e salários jamais vistos. Mas, quando entrarem em campo nos próximos dias, alguns levarão em suas camisas a marca de fracassos. A Fifa se preocupa e alerta que as fontes de renda podem ser o pior inimigo. O caso mais importante é o do atual campeão europeu, Manchester United, que levava em sua camisa a marca da AIG. Mas, com a injeção de US$ 85 bilhões pelo governo americano na empresa, os mais cínicos já alertam que o time de Cristiano Ronaldo virou um braço da administração Bush. Nos últimos anos, patrocínios se transformaram em instrumento importante para que os clubes consigam dinheiro. A AIG prometeu mais de US$ 100 milhões ao Manchester até 2010. O Newcastle é patrocinado pela Northern Rock, nacionalizada há poucos meses após crise sem precedentes e que exigiu a primeira intervenção do governo britânico em um banco em quase um século. O West Ham, que já teve o argentino Tevez, foi obrigado a retirar de sua camisa o logotipo da XL Leisure Group, operadora de turismo que faliu há uma semana e ligada a acionistas do sistema financeiro. O West Bromwich espera algum investidor para trocar o lugar que havia reservado em sua camisa para a Deutsch Telekom, empresa com grande participação do Deutsch Post, banco cujas ações vêm despencando na bolsa de valores alemã nas últimas semanas. Dificilmente encontrará outro banco para patrocinar sua aventura.