PUBLICIDADE

Publicidade

Procurando encaixe

Por Reginaldo Leme
Atualização:

Se fosse qualquer outro Grande Prêmio, certamente o Bahrein ficaria definitivamente fora do calendário deste ano. Mas por tudo o que já foi dito aqui na semana passada do GP que abriu as portas do mundo árabe para a F-1 e foi sempre um exemplo de organização nas sete edições já realizadas desde 2004, Bernie Ecclestone e a FIA farão de tudo para conseguir um encaixe no calendário. Qualquer alteração na data de uma corrida para possibilitar este encaixe envolve problemas sérios, incluindo a venda antecipada de ingressos. Até mesmo o GP do Brasil, que é o último do ano, já abriu a venda de ingressos há algum tempo e, em boa parte, incluída em um pacote turístico que leva a São Paulo gente de todas as partes do mundo. Imagine a Espanha, que desde a ascensão de Alonso, costuma iniciar no fim de semana do GP de Barcelona o lançamento da venda de ingressos para a corrida do ano seguinte. É tão complicado achar uma outra data que o cancelamento da corrida de abertura do Mundial no dia 13 de março não partiu nem da FOM nem da FIA. Foi o próprio príncipe herdeiro bareinita, Salman Bin Hamad Al-Khalifa, idealizador da corrida sete anos atrás, quem solicitou a medida a Bernie Ecclestone depois de ver os tumultos aumentarem a cada dia no Bahrein. Desta forma, o campeonato mais longo da história da F-1 já teve a sua primeira complicação antes mesmo de as luzes se apagarem para a primeira largada do ano. Aparentemente quem mais perde com isso, sob o ponto de vista técnico, são a Ferrari e a Red Bull, as equipes mais prontas para o campeonato. As outras ganham um tempo maior de preparação porque não tendo que mandar seus equipamentos para o autódromo de Sakhir, onde seria realizada a última sessão de testes de 3 a 6 de março, elas podem trabalhar melhor seus carros. Não é animador a gente ver carros que deveriam dividir a ponta com Ferrari e Red Bull, estarem ainda tão longe do ideal às vésperas da abertura do campeonato. Pelo menos da McLaren e da Mercedes-Benz era de esperar muito mais. Some-se a elas a Renault, se pudesse contar com o grande Kubica. Não se trata de blefe de pré-temporada um Lewis Hamilton lamentar que o ritmo de simulação de corrida da McLaren esteja 1,5 segundo atrás do ritmo de Ferrari e Red Bull. E muito menos o homem forte de competições da Mercedes-Benz, Norbert Haug, estimar que se o campeonato começasse hoje, os carros de Schumacher e Rosberg não estariam em condições de largar entre os dez primeiros. Habitualmente os carros de equipes financeiramente sólidas podem até mudar bastante mesmo depois que começa o Mundial. O melhor exemplo disso é a Ferrari de 2010, que, exceto a zebra da primeira corrida no Bahrein, não tinha carro para acompanhar o ritmo da McLaren e Red Bull, mas antes da metade do ano já estava na briga pelo título. A própria McLaren teve bons e maus momentos na evolução de seus carros e a Red Bull, mesmo tendo sempre o melhor carro, sofreu muitas quebras no início da temporada.O essencial é não perder muito tempo para começar a recuperação. E se for mesmo só isso o que McLaren e Mercedes têm no momento, sabe-se lá quando é que elas poderão conseguir uma virada. O campeonato é longo, mas se o tempo de produzir um carro novo não foi bem aproveitado, qual a mágica para se conseguir um salto de qualidade quando as corridas estiverem rolando?Enquanto grandes equipes patinam com seus projetos malsucedidos, a gente vê uma Toro Rosso chamando a atenção em vários treinos. Não foi por um dia de sorte que o espanhol Jaime Alguersuari tornou-se o segundo mais veloz de um dos treinos de Barcelona, apenas dois décimos atrás do campeão mundial Sebastian Vettel. No treino anterior ele já tinha sido terceiro e, depois disso, o suíço Sebastian Buemi repetiu este terceiro tempo. Não é à toa que a imprensa suíça, de uma pequena história na F-1 construída por Jo Siffert nos anos 60 e Clay Regazzoni nos anos 70, anda exaltando os feitos do que eles chamam de "carro maravilha".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.