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Promotor minimiza ações de caridade feitas por Oscar Pistorius

Gerrie Nel acusa empresário do velocista de promover as ações para tentar sensibilizar juíza. Condenado, atleta aguarda sentença

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Por Redação
Atualização:

Em novo dia de julgamento na semana em que o tribunal de Pretória, na África do Sul, deverá anunciar a sentença a ser aplicada em Oscar Pistorius, já considerado culpado pelo crime de homicídio culposo (sem intenção de matar) da sua namorada Reeva Steenkamp, em 14 de fevereiro do ano passado, o promotor de acusação do caso, Gerrie Nel, interrogou nesta terça-feira o empresário do astro paralímpico, Peet van Zyl. O agente foi chamado a testemunhar pelos advogados que defendem Pistorius, que admitiu ter efetuado os quatro disparos que mataram Reeva, atingida após as balas atravessarem a porta do banheiro da suíte da casal, em Pretória. Porém, ele disse que confundiu sua namorada com um intruso na sua residência e a matou acidentalmente. A acusação, entretanto, alegava que o atleta matou a modelo intencionalmente depois de uma discussão acalorada, ouvida por vizinhos. No depoimento desta terça, Peet van Zyl destacou o grande número de ações de caridade feitas por Pistorius ao longo de sua carreira, em estratégia utilizada pela defesa para tentar criar a imagem de um atleta carinhoso e preocupado com causas sociais, que depois passou a sofrer com problemas emocionais. Barry Roux, advogado do velocista biamputado, também citou este lado "generoso" do seu cliente nesta última audiência do caso para tentar comover a juíza Thokozile Masipa a aplicar uma pena mais branda e ser indulgente em sua sentença. Ela pode determinar desde o pagamento de uma multa a condenar o atleta a uma pena máxima de 15 anos de prisão.

Condenado por homicídio culposo, Pistorius pode pegar 15 anos de prisão Foto: REUTERS

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Ao interrogar o empresário de Pistorius, porém, Nel chegou a ser irônico ao dizer que o agente estava tentando apresentar o seu cliente como uma "pobre vítima" neste caso, assim como minimizou a importância das ações de caridade feitas pelo atleta, lembrando que este tipo de iniciativa é comum aos esportistas de primeiro nível, assim como estão alinhadas a compromissos contratuais firmados com patrocinadores.

"Envolver-se em ações de caridade não é mais do que um avanço em sua carreira. Só estou dizendo que é uma coisa natural estar envolvido em trabalhos de caridade para os atletas, não é peculiar", ressaltou Nel, que depois viu Van Zyl retrucar que "muitos esportistas querem realmente fazer a diferença e contribuir" e negar que enxergue o seu cliente como "uma vítima" neste caso.

Também foi interrogada pelo promotor nesta terça a assistente social Annette Vergeer, outra testemunha de defesa, sendo que Nel ainda revelou que a família de Reeva chegou a recusar uma oferta de Pistorius que girou em torno de 25 mil randes (cerca de R$ 96 mil), oriundos da venda do carro do esportista. O atleta ofereceu ajuda aos familiares da vítima, mas os mesmos se recusaram a aceitá-la.

Esperando pelo anúncio de sua sentença, o atleta sul-africano, que competia com auxílio de próteses nas duas pernas, viveu o ápice da sua carreira em 2012, quando participou dos Jogos de Londres, se tornando o primeiro competidor paralímpico a disputar uma edição da Olimpíada. Além disso, ele possui oito medalhas paralímpicas, sendo seis delas de ouro.

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