
29 de abril de 2011 | 00h00
SÃO PAULO - Raphael Matos corre domingo no circuito do Anhembi satisfeito, independentemente do resultado, e mesmo sabendo que o ano pode ser curto para ele. É que sua equipe, a novata AFS, só conseguiu dinheiro para disputar as seis provas em circuitos mistos (incluindo São Paulo) e as 500 milhas de Indianápolis, no fim deste mês de maio.
Para correr nos circuitos ovais, faltam os patrocínios que trariam a evolução técnica que a equipe precisa para este tipo de prova. Dificuldades que não são nada novas para o piloto mineiro, que tem 37 corridas e duas temporadas completas na Fórmula Indy, e teve em dezembro um dia para esquecer: seu pai morreu e ele ainda foi dispensado da equipe Luczo Dragon - que havia formalizado uma parceria com o brasileiro e ex-piloto Gil de Ferran.
Um inferno astral que o abalou. "Foi um baque. Meu pai era tudo para mim. E soube pela mídia que estava fora da equipe, ninguém me ligou para avisar", conta Raphael Matos. "De uma certa forma, foi revoltante. Mas estou me recuperando disso e bem agora."
O paralelo inevitável é o de que ele continua na categoria enquanto que a ex-equipe fechou. "Acredito que nada é por acaso. Deus me deu a oportunidade de continuar e recomeçar, então vamos lá".
O gasto estimado por corrida na categoria para um time considerado pequeno, segundo pessoas ligadas à Indy, é de cerca de US$ 200 mil (R$ 318 mil), sem contar o gasto com reparos por batidas e quebras.
Para Matos - que só tem patrocínio nacional, de uma cervejaria -, é até bom que a AFS não dispute todas as provas em ovais por enquanto. "Estamos começando um trabalho e nos falta conhecimento técnico, como têm equipes como Ganassi, Penske e Andretti. O carro tem certas deficiências que já detectamos e estamos concentrados em ir bem em Indianápolis", explica.
Por tudo isso, aos 29 anos, o recomeço não importa, mesmo sendo pela equipe na qual foi campeão na Indy Lights (categoria de acesso), em 2008, reconhecida por formar pilotos. Nem o fato de ter fechado o contrato, usando um jargão do futebol, aos 49 do segundo tempo.
"A gente fez o shakedown (teste dos componentes básicos) do carro na sexta-feira antes da primeira corrida (que foi no domingo), então não tivemos tempo para testar na pré-temporada. Mesmo assim terminei a primeira corrida em sétimo. A equipe trabalhou duro para me dar um carro que não quebrasse e fosse rápido para competir com os adversários do meio do grid".
No Brasil, o que vier é lucro. "Vamos apostar em uma boa estratégia", é o que ele promete, com todas as dificuldades que ainda tem.
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