11 de março de 2015 | 02h06
No meio da tarde de ontem acompanhei uma das partidas mais empolgantes dos últimos tempos. Pela telinha da tevê, fazer o quê?! O ideal seria testemunhar ao vivo, no estádio, como os sortudos que estiveram no Santiago Bernabéu. Ainda bem que temos a alternativa do satélite, do cabo e de outras bossas atuais.
Real Madrid e Schalke prenderam o fôlego de torcedores até o último instante, já com 4 minutos de acréscimo no segundo tempo. O duelo teve ritmo frenético, sobretudo depois dos 20 minutos iniciais e só poderia mesmo terminar em placar adoidado, com viradas de cá e de lá. Os atrevidos alemães, posudos que só depois de outro título mundial da seleção deles - sem falar nos benditos 7 a 1, aqueles -, desafiaram os milionários espanhóis e quase voltaram para casa com a classificação na Copa dos Campeões na bagagem.
O jogo teve 7 gols não por obra do acaso, do papo dos espíritos do futebol e imagens do gênero. O Schalke fez 4 e o Real, 3, como consequência da decisão - e da necessidade - de apenas jogarem bola, sem adjetivos adicionais. A equipe alemã havia levado 2 a 0 em casa, estava com a corda no pescoço, não tinha mais nada a perder. O que fez, então? Armou esquema abusado, anulou o meio-campo madrilhista e partiu para o seja o que Deus quiser.
Resultado da equação? Um jogaço, à altura dos desafios do século que a molecada sadia fazíamos toda semana nos campinhos de terra batida no Bom Retiro. Saíamos de alva lavada e o resultado ficava em segundo plano. Puro divertimento. Sentimento semelhante deve ter sentido quem assistiu à refrega do importante torneio europeu. Não é desvario imaginar que também para quem esteve dentro do campo foi uma sequência de gostosa expectativa.
Real e Schalke 04 provaram numa noite de inverno que futebol pode ser simples e animado, sem abandonar a seriedade, o profissionalismo, as estratégias, as variações táticas. Os atletas preocuparam-se com a bola e como dominá-la, chutá-la a gol; não com as canelas dos rivais nem com artimanhas e enrolações. Houve velocidade, intensidade, disputa, fair-play e gols, muitos gols. E tem coisa mais bonita?
Pouco importa se as redes balançaram porque alguém falhou. Claro que ocorreram derrapadas. E daí? Já dizia mestre Telê Santana que o gol surge do mérito de um lado e de algum deslize de outro. A discussão a respeito dos cochilos táticos fica para os iniciados, para as resenhas e para as comissões técnicas. Placar de 4 a 3 (ou 3 a 4, no caso) é para festejar. Ou bonito é 0 a 0?
Isso é hora?! Valdivia anda esquecido no Palmeiras. Ninguém parece ligar até para a interminável recuperação da enésima contusão dele. A atenção está voltada para a extraordinária marca de 100 mil sócios no Avanti e para a equipe com pinta de boa coisa para a temporada de 2015.
Daí o rapaz resolve botar a boca no trombone via Twitter. Vai na rede social e cutuca a diretoria do clube que lhe oferece ampla rede de atendimento hospitalar. Mostra-se amuado porque o pai e procurador não foi recebido para reunião, critica a política de contrato por produtividade e aspectos periféricos.
A troco de que se manifesta dessa maneira? Para jogar para o público? Não se costuma dizer que isso é papo interno? Pois não seria melhor conversar com a cartolagem e depois, se fosse o caso, revelar o teor? Nada contra a liberdade de expressar-se, longe disso. Mas fico a matutar: pra que polêmica justo agora? Cure-se de vez, jogue, reconquiste a confiança e tudo se ajeitará.
A propósito: Santos e Palmeiras fazem, na Vila, clássico que promete. Pensou se imitarem Real e Schalke?
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