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'Realizei o sonho do meu pai'

Natália - Ponta da seleção brasileira e oposta do Sollys/Osasco

Por Valeria Zukeran
Atualização:

Nenhuma jogadora da seleção brasileira de vôlei saiu tão valorizada do Campeonato Mundial do Japão como Natália. A jogadora assumiu a posição de titular do time de José Roberto Guimarães meio por acaso, para suprir a ausência de Mari e Paula Pequeno, cortadas por contusão, e saiu da competição como destaque da equipe mesmo atuando como ponta - em seu clube joga como oposta. Agora, a jogadora tem mais uma chance de brilhar. É uma das estrelas da sua equipe do Sollys/Osasco, que está disputando o Mundial de Clubes do Catar. Muita gente não sabe da sua história, do seu início no vôlei, de onde você é?Sou do Paraná, mas morei a vida inteira em Joaçaba, em Santa Catarina. Comecei a jogar aos 10 anos na minha cidade mesmo. Eu era muito alta e meu professor de educação física, que foi o meu primeiro técnico, o César (não lembra o sobrenome), me chamou para treinar vôlei no time da cidade. Falei com meu pai e ele concordou. Minha mãe achou uma boa para perder peso, já que era um pouco gordinha. Joguei seis anos lá e com 15 anos eu fui para Campos (RJ), disputar a Superliga.Nunca te passou pela cabeça ter outra profissão que não fosse jogadora de vôlei?Depois que eu comecei a treinar, não. No começo, com 10 anos, era uma criança e não tinha muita noção do que eu queria, mas sempre ouvia as pessoas falarem que seria jogadora. Eu não estava nem aí. Gostava era de treinar. Quando estava machucada e queria treinar, meu pai dizia: "Você não vai treinar." Eu chorava e ia sem ele saber. Depois tomava bronca.Alguém da sua família jogava vôlei?Não, mas meu pai jogou futebol no Atlético-PR e no Toluca, do México. O nome dele é Luiz Carlos Pereira, mas o conheciam como Apucarana. Quando comecei a jogar ele me incentivou e disse: "Quem sabe você não joga na seleção brasileira." Hoje, fala que se realiza comigo. Então quando você vestiu a camisa da seleção pela primeira vez, foi uma emoção para ele...Minha primeira convocação foi para a seleção infanto-juvenil em 2004, no Sul-Americano, que a gente ganhou. Em 2005 disputamos o Mundial e meus pais ficavam acompanhando ponto a ponto na internet, de madrugada, porque não teve transmissão pela TV e o campeonato foi na China. Quando a gente ganhou e fui eleita a melhor jogadora, meu pai chorou. Eu sou super pé no chão, acho que sempre tenho de melhorar, mas meus pais são empolgados, muito corujas. Às vezes minha mãe pergunta: "Filha, como foi o jogo?" e eu respondo: "Ai mãe, mais ou menos". Ela retruca: "Então você jogou bem." E durante o Mundial, você falava direto com eles? Davam palpite na sua atuação?Eles fazem comentários como "achei que você jogou bem" ou "todo mundo jogou bem" ou "hoje foi mal". Às vezes também falam: "Ah, precisa melhorar um pouquinho." No Mundial eu falava todo dia com eles, que contavam das coisas que aconteciam, como a torcida que se formou em Joaçaba. Mas mesmo quando estou em São Paulo estou em contato direto com eles.Na seleção você jogou como ponta e agora, no Osasco, você volta atuar como oposta. É difícil essa transição?Para mim é mais complicado mudar de oposta para saída (de rede), mas na seleção não foi muito complicado porque, sem a Paula e a Mari, eu já vinha treinando o passe. Aqui no Osasco tem gente como a Sassá, a Jaque e a Thais que tomam conta do passe, então eu posso ficar tranquila e me concentrar só em atacar. Quem são seus ídolos?Ah, são meus pais.E no vôlei? Não tem ninguém em quem você se inspire?Tem alguns jogadores que se destacam. Gosto de ver o Escadinha (Serginho) jogando. O Giba também - é um ícone no vôlei. Gosto de ver atletas jogando e tirar proveito.Por exemplo?Sempre fico olhando o Giba porque ele sempre foi um ótimo atacante. Gosto de ver algumas coisas que ele faz e eu possa fazer. Também gosto de ver gente do feminino que ataca bem, como a Paula e a Mari, ou é boa no passe como a Fabizinha (Fabi, líbero), que sempre jogou muito. Vou pegando um pouco de cada um.

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