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Remo do Brasil comemora feitos inéditos

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Por Agencia Estado
Atualização:

A classificação de três barcos para os Jogos Olímpicos de Atenas foi motivo de comemoração para o remadores brasileiros, que desembarcaram nesta segunda-feira no Rio, após a disputa do Pré-Olímpico, em El Salvador. E os festejos são, principalmente, pelos dois feitos inéditos da equipe: a participação pela primeira vez de uma mulher, Fabiana Beltrame, com o barco Single Skiff, e a ida de uma embarcação peso leve (até 70 kg), a Double Skiff, formada por José Carlos Sobral Júnior e Thiago Gomes. O outro classificado é Anderson Nocetti. "Sei que não terei chance alguma em Atenas e que, nesse momento, estou indo somente para competir. Mas espero que essa vaga estimule mais mulheres à pratica do remo, para podermos elevar o nível no Brasil", destacou a catarinense Fabiana, de 22 anos. Há seis anos, ela começou a remar. Os intensos treinos sempre foram divididos com os estudos, hoje parados por causa dos preparativos olímpicos. "Sempre acordei cedo para poder treinar. Às vezes, às 4 horas já estava de pé e minha mãe ficava com pena de mim, mas nunca deixou de me incentivar", contou Fabiana. Já José Carlos Sobral Júnior e Thiago Gomes, ambos de 25 anos, exaustos após quase 24 horas de viagem, brincaram, lembrando outras dificuldades que vivenciaram juntos ao longo da carreira. A dupla se formou em 1997 e somente se separaram durante o Pré-Olímpico para os Jogos de Sydney, em 2000. "Antes, competíamos por idade. Depois, que passou para peso leve, o Júnior pesava 84 quilos e só quando perdeu peso foi que voltamos a ficar juntos", lembrou Gomes, frisando que nunca deixaram de participar de uma disputa por excesso do peso. "Por precisarmos ficar sem comer para podermos remar, já permanecemos trancados no quarto brigando por meia maçã, saímos no tapa por causa de uma pedra de gelo, colocamos capa de chuva e fomos correr sob o sol, mas tudo valeu a pena." Aos 30 anos, Anderson Nocetti, o Macarrão, vai participar de sua segunda Olimpíada. Em Sydney, foi o único remador a representar o Brasil e, agora, espera melhorar a posição obtida em 2000, quando terminou na 13ª colocação, no Single Skiff. Destacou que as três vagas obtidas e a evolução da modalidade foram possíveis por causa da Lei Agnelo/Piva e do técnico da seleção, o argentino Ricardo Ibarra. De acordo com Macarrão, Ibarra revolucionou os métodos de treinamentos do remo brasileiro, ao exigir um maior esforço dos atletas e multiplicar as sessões práticas realizadas. Para ele, graças a este tipo de trabalho, hoje o Brasil tecnicamente está acima de países como Chile, Argentina e México, além de equivaler-se a Cuba. "Pensei que este ano seria muito mais difícil classificar, porque via os outros países evoluindo e o Brasil parado. Mas, com a lei e o Ibarra, conseguimos melhorar muito", revelou Macarrão, já prevendo uma maior participação brasileira na Olimpíada de Pequim, em 2008. "O Ibarra prometeu que ganharemos sete medalhas de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2007. Acredito que, com isso, conseguiremos classificar seis barcos para Pequim."

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