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Rio não possuía condições de sediar Olimpíadas, diz delator de Nuzman

Afirmação reproduzida pelo MPF levou em consideração ranking do COI em que Rio ficou em 5º lugar em avaliação

Por Constança Rezende
Atualização:

RIO - O presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), Eric Maleson, disse aos procuradores do Ministério Público Francês que o Rio de Janeiro “praticamente não possuía condições de sediar as olimpíadas”. A declaração foi reproduzia na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio, nesta quarta-feira, 18, contra o ex-presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.

Maleson afirma que a constatação foi feita a partir de um ranking divulgado, em março de 2008, pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), com a avaliação de cada cidade concorrente para sediar as Olimpíadas de 2016, levando em consideração diversos aspectos, como infraestrutura e apoio dos governos. Nesta lista, Tóquio ficou em primeiro lugar, com 8.3, Madrid ficou com 8.1, Chicago com 7.0, Doha com 6.9 e Rio de Janeiro com 6.4, na quinta colocação.

Apesar de receber notas mais baixas que as cidades concorrentes em avaliação, Rio foi escolhida como sede da Olimpíada. Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo

Em seu depoimento, Maleson afirma que “diante desse resultado, ficou evidente para a comunidade internacional que a disputa final seria entre Tóquio e Madrid, as duas primeiras colocadas e que o Rio de Janeiro, em razão dessa nota, praticamente não possuía condições de sediar as olimpíadas, em razão do curto espaço de tempo que teria para reverter sua colocação, já que as eleições finais seriam realizadas em outubro de 2009”, diz o trecho, reproduzido pelo MPF do Rio.

O testemunho de Maleson também indica ter havido ajustes e efetivo pagamento a membros africanos do COI para escolha do Rio de Janeiro como sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Ele declarou que “era muito comum, em conversas de bastidores travadas no âmbito do CO-Rio (Comitê Organizador- Rio 2016), serem tratados assuntos relacionados à compra de votos dos dirigentes africanos que participariam da futura eleição”.

Nuzman foi denunciado pelo MPF do Rio, nesta quarta-feira, 18,pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Já o seu braço-direito e diretor de marketing do COB, Leonardo Gryner, foi denunciado por corrupção passiva e organização criminosa.

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O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), foi denunciado por corrupção passiva e, o empresário Arthur Soares, conhecido como Rei Arthur, por corrupção ativa. Os membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional), Papa Massata Diack e Lamine Diack também foram denunciados por participação no esquema. Ela foi encaminhada nesta manhã ao juiz da 7º Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, responsável por julgar os processos relacionados à Lava Jato no Rio.

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