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Risco de doença em cavalos preocupa Centro Olímpico do Rio

Se confirmada a suspeita, animais serão sacrificados

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Por CARINA BACELAR E RONALD LINCOLN JR
Atualização:

Faltando apenas duas semanas para o primeiro evento-teste do Centro Olímpico de Hipismo, marcado para 6 de agosto em Deodoro, no Rio de Janeiro, o Exército aguarda o resultado dos exames a que foram submetidos 443 cavalos alojados no local e mais 46 mantidos em São Cristóvão. Recolhidas pelo Ministério da Agricultura, as amostras indicarão se há animais com mormo, doença bacteriana contagiosa que prevê o sacrifício do cavalo. O ministério ainda não divulgou nenhum resultado. As análises são realizadas em Recife, no único laboratório do Brasil especializado no Western blotting, o exame mais moderno existente no País para detectar a bactéria Burkholderia mallei. Ela só é transmitida pelo contato direto do animal com secreções contaminadas. A investigação pretende elucidar se animais da Vila Militar, onde fica o Centro Olímpico, foram infeccionados por um cavalo da Polícia Militar do Espírito Santo que esteve lá em novembro de 2014. Em maio, quando foi detectado que o animal capixaba estava doente, 141 cavalos do Rio realizaram exames. Dois deles não tiveram resultados negativos atestados e foram enviados para isolamento na ilha de Cananeia, em São Paulo, onde desde então são analisados pelo Ministério da Agricultura. [---#{"MM-ESTADAO-CONTEUDO-FOTO":[{"ID":"424018","PROVIDER":"AGILE"}]}#---] "Preocupação a gente sempre tem, mas medo, por enquanto não, até pela forma de contágio dessa doença", disse o tenente-coronel Paulo Cézar Crocetti, comandante do 2º Regimento de Cavalaria de Guarda. Desde fevereiro, por protocolo do Ministério da Agricultura para eventos olímpicos, a área de competição do evento-teste e dos Jogos Olímpicos de 2016, assim como o local onde os cavalos concorrentes serão mantidos, estão em "vazio sanitário", ou seja, desinfetados e sem a presença de animais. Todos os cavalos que competirão no próximo dia 6 são brasileiros e vêm sendo mantidos em Barretos (SP). As instalações serão avaliadas pela Federação Equestre Internacional (FEI) a partir da abertura do evento-teste. "As medidas já estavam no caderno de encargos que o Ministério da Agricultura previa para a Olimpíada. Se houve a antecipação e intensificação dos trabalhos, foi por causa do cavalo do Espírito Santo", disse Crocetti. A FEI e o Ministério da Agricultura não se manifestaram até o início da noite desta quarta. O Comitê Rio-2016 informou que sua função é organizar as provas e não cabe a ele intervir em questões sanitárias. A Federação Brasileira de Hipismo divulgou apenas que o "foco principal da entidade é formar a melhor equipe de atletas para a disputa dos Jogos Olímpicos".

Andamento das obras no Centro Olímpico de Hipismo, em Deodoro Foto: Divulgação

Os principais sintomas de mormo são febre, secreção e lesões cutâneas. Os animais se tornam portadores da doença, mesmo assintomáticos. "É um problema sério. O animal passa a ter dificuldade para respirar, por causa da secreção. Quando um adoece, coloca todos os outros em risco", disse a professora de epidemiologia e saúde pública Sandra Thomé, da Universidade Federal Rural do Rio. A recomendação do Ministério da Saúde é sacrificar os animais, como forma de conter a transmissão. No início do ano, 22 cavalos do Regimento de Polícia Montada de São Paulo foram sacrificados por terem contraído mormo. A doença era considerada erradicada no Brasil, mas pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco fizeram testes em animais e voltaram a identificar o mormo. A doença pode ser transmitida a seres humanos, mas não é grave. O tratamento é com antibióticos. "O mais comum é o tratador transmiti-la a outro animal ao manusear um cavalo contaminado", disse Sandra.

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