
09 de abril de 2011 | 00h00
Foi-se o tempo em que as grandes rivalidades do tênis extrapolavam as linhas da quadra e chegavam às vias de fato. Jimmy Connors talvez seja, até hoje, o número 1 do mundo com mais inimigos. Ivan Lendl nunca teve muitos amigos. John McEnroe era considerado doido, Bjorn Borg, frio demais. Andre Agassi e Pete Sampras só passaram a se falar recentemente.
Hoje, o número 1 do mundo Rafael Nadal é quase uma unanimidade no circuito. Nem tanto por seu nível de jogo, que tem encontrado em Novak Djokovic (2.º colocado do ranking) um grande adversário, mas porque todos o consideram um amigo. Principalmente Roger Federer, o terceiro da lista. Entra ano, sai ano e os dois vivem recebendo prêmios de esportividade. São queridos por suas próprias "vítimas".
A rivalidade histórica dos dois estreitou seus laços de afeto. Chegam a planejar juntos confrontos solidários em prol de suas fundações. "Algumas pessoas podem achar estranho sermos amigos, mas isso é ótimo para o esporte", diz Federer. "No passado, as pessoas não se falavam, não se gostavam e precisavam se odiar para jogar bem um contra o outro. Não precisa ser desse jeito."
Federer tem razão. "Talvez o único dos grandes rivais com quem tinha uma amizade era Borg", conta McEnroe, dono de sete títulos de Grand Slam, entre 1979 e 1984. "Lendl, Connors e eu não conseguíamos trocar nem duas palavras. Éramos como touros, machos alfa (que lideram o bando) indo às últimas consequências. Hoje os tenistas são mais civilizados."
Federer é amigo de Nadal, que se relaciona muito bem com Djokovic, que respeita muito o suíço. Os três se divertem com o mau humor de Andy Murray, que, se não é o mais simpático dos top 5, gosta de treinar e tem boas habilidades no videogame - as "brigas" entre ele e o espanhol se resumem às frequentes disputas de Pro Evolution Soccer, famosa franquia de jogos de futebol. A discussão é grande para saber quem é o melhor com o controle do Playstation na mão. "Murray é incapaz de aceitar uma derrota", brinca Nadal.
Em quadra, os dois têm protagonizado alguns dos jogos mais memoráveis da história recente - como nas semifinais de Wimbledon e da Masters Cup de 2010, ambos com vitória do espanhol. Ao final, virou rotina a troca de um abraço caloroso. "Murray é um grande jogador, trabalha muito e merece ganhar um Grand Slam", diz o espanhol, que sempre conforta o escocês quanto à sua sina de perder decisões nos quatro maiores torneios.
Duplas, não! Murray teve três derrotas em três oportunidades diferentes, a última para Djokovic, que foi seu companheiro de treinos antes do Australian Open. "Jogamos juntos desde o circuito juvenil. Nos conhecemos e nos damos muito bem", lembra o sérvio, que ontem anunciou que não joga o Masters de Monte Carlo.
Mas a amizade dos quatro só funciona quando não formam duplas. Nadal já tentou com Djokovic, que também jogou com Murray. Nenhum passou da primeira rodada - o espanhol e o sérvio perderam em Toronto, ano passado, enquanto, em Miami, neste mês, foi a vez do escocês ser batido ao lado de Djokovic.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.