
23 de novembro de 2010 | 18h36
SÃO PAULO - Preocupado com a praticamente decidida retirada da classe Star da Olimpíada do Rio, em 2016, o velejador Robert Scheidt inicia uma campanha para reverter a decisão dos delegados no Congresso da Federação Internacional de Vela (Isaf, em inglês) realizado em Atenas (GRE).
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VÍDEO - Scheidt pede a permanência da classe Star nos Jogos do Rio
"É um critério político e o Brasil vai precisar fazer lobby para que essa decisão não seja confirmada. É importante lembrar que em 1997 a Star já tinha sido excluída, mas voltaram atrás", afirmou.
O vice-campeão da classe na Olimpíada de Pequim, em 2008, defende que os atletas com visibilidade no esporte devem fazer um "corpo a corpo" para conquistar votos até a reunião que será realizada em maio do próximo ano.
"Depois de maio, dificilmente haverá uma mudança. Antigamente, o planejamento era feito durante o ciclo olímpico. Agora, é feito antes. Mas o COI tem a palavra final", enfatizou.
À frente dessa empreitada, ele conversou com o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador do Rio 2016, Carlos Nuzman, e ainda enviou uma carta para o presidente da Isaf, Goran Peterson. Apesar do apelo, ainda não obteve qualquer parecer.
Motivos. A exclusão da Star deve-se ao desejo da entidade máxima de tornar a competição mais dinâmica com barcos mais rápidos para atrair os jovens, à pouca expressividade da disciplina em países da Ásia e da Oceania e à resistência dessa classe para se adequar às regras da entidade máxima.
Para Scheidt, tal decisão é um grande equívoco principalmente pela tradicionalidade da prova. "Isso é um erro tremendo porque é um barco que existe a mais de 100 anos e está no programa olímpico desde 1932", avalia. Ele também destacou a importância da categoria para a vela nacional, que possui cinco das dezesseis medalhas olímpicas do Brasil.
O velejador argumenta que as grandes estrelas do esporte concentram-se nessa categoria - como Torben Grael - e vê a Star como o caminho natural seguido pelos atletas na carreira olímpica porque exige um aprimoramento da parte atlética, técnica e mental. Além disso, a disciplina permite uma diversidade de biotipos nas regatas e, mesmo assim, consegue ser bastante competitiva.
Mudanças. Para atingir seu objetivo, Scheidt reconhece que é preciso ceder em alguns aspectos. "Nos últimos anos, a classe encareceu muito, aumentou muito o preço, o custo de um barco subiu de 30 mil euros para 50 mil euros. Não acho que isso seja o principal fator, mas também influenciou. A classe teria que coibir isso", comentou.
A melhor trajetória apontada por ele para a permanência da Star é a diminuição do número de participantes das outras categorias, de forma a não inflar a quantidade de atletas participantes. Se isso acontecer, a vela ficará com 11 medalhas, como nos jogos de Londres em 2012. "Temos que conversar com todas as confederações, ver quem poderia mudar de ideia. Não é fácil, mas acho que é o melhor caminho", completou.
Caso se confirme a exclusão da classe, Scheidt vai avaliar suas possibilidades para poder disputar a Olimpíada do Rio. Ele cogita voltar para a Laser, na qual se consagrou, mas é provável que migre para a Finn. "A Finn é uma alternativa. Eu teria que ganhar muito peso, engordar 10 kg, mas não é impossível", projetou.
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