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Rúgbi feminino ganha espaço no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

O esporte ainda é aquele em que se tenta levar a bola oval até o final dos 100 metros do campo (que tem 69 metros de largura) e colocá-la na meta adversária. Mas os atletas não são brutamontes argentinos ou neozelandeses, como muitos imaginam. São brasileiras sorridentes e descontraídas que têm, em média, 20 anos e 1,75 metro de altura. Brasileirinhas que, para sua surpresa, são as melhores da América do Sul, no rúgbi jogado com sete jogadoras. O Sul-Americano de Rúgbi by Seven-A-Side conquistado pelo Brasil, dia 21 de novembro, foi a primeira competição internacional a ser realizada com seleções femininas. E em três dias de jogos, em Barquisimeto (Venezuela), as brasileiras fizeram história: desbancaram cinco adversárias, inclusive as rivais argentinas (33 a 0), e retornaram ao País como campeãs invictas. "O primeiro jogo (42 a 0 sobre a Colômbia) foi o melhor, pela emoção de colocar em campo tudo aquilo que treinamos. A partir daí, corrigimos nossos erros e fomos crescendo. Na final, a torcida estava toda com o time da casa, mas as outras equipes torciam para a gente", conta Paula Ishibashi, melhor jogadora e artilheira do torneio, com 61 pontos. Aos 19 anos, Paula tem o perfil típico da seleção brasileira. Começou no rúgbi ao lado de amigos homens. Em seis anos, fez muito corpo-a-corpo para trazer outras mulheres para o esporte. "No começo eram 20 meninos e quatro meninas. Colocamos muita faixa na porta do clube e distribuí panfletos para chamar as meninas", lembra a assistente administrativa e jogadora do São Paulo Athletic Club (SPAC). Com 1,56 metro, Paula deixou para trás adversidades e adversárias e agora torce para o título mudar a realidade de um esporte amador e ainda pouco conhecido. "Minha mãe ficava preocupada com a falta de apoio e de estrutura. Este título é importante para o rúgbi do Brasil até para quebrar alguns tabus. Mostramos o que a gente sabe fazer no seven e agora queremos ir para o de 15, pois tem muita jogadora boa que ficou de fora." A atleta faz referência ao estilo tradicional, com 15 atletas por time em jogos de 80 minutos. Para o Sul-Americano, escolheu-se a forma compacta, com equipes e tempos de jogo menores. O planejamento da seleção agora é manter o bom aproveitamento, enquanto aumenta a experiência internacional do time de sete jogadoras. Com isto, mais apoio e melhor estrutura, uma boa história pode ser traçada também com a equipe de 15 atletas. As primeiras linhas desta história, pelo menos, foram escritas da melhor forma possível.

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