29 de setembro de 2012 | 03h06
A idéia da McLaren foi a de um jogador de truco. Sem ser exatamente um blefe porque tinha, de fato, uma carta muito boa na mão, ela jogou na mesa o nome de seu novo piloto como um trunfo. Perder Hamilton foi um golpe. Contratar Perez é um investimento de baixo risco e uma jogada de forte impacto. Tentativa de apagar a perda com uma conquista, como resposta imediata a Hamilton, à Mercedes e, de sobra, atingindo também a Ferrari, que tratava Perez como seu futuro piloto.
Dinheiro não foi prioridade de Hamilton até hoje e não seria agora que ele já é um homem rico. Mas a discussão com a McLaren trazia um ingrediente com sabor de vingança. Enquanto a equipe inglesa propunha uma redução no salário, que era de U$ 15 milhões anuais (pouco mais de R$ 30 milhões), a Mercedes aproveitou a oportunidade para aguçar o desejo de vingança do piloto com uma proposta de R$ 200 milhões por três anos. Junte-se a isso uma promessa de melhorias, que já começaram com a contratação de Niki Lauda para ser um consultor.
A carreira de Hamilton foi construída pela McLaren desde que ele tinha 11 anos, mas a Mercedes foi parceira da equipe inglesa em grande parte. No kart, ele já era apoiado pela montadora alemã e, coincidentemente, tinha Nico Rosberg como companheiro. Continuou assim na F-3, levando-o a conquistar o título em 2005. E em 2006, quando foi campeão da GP2 derrotando Nico Rosberg. A partir de 2007, Hamilton disputou 104 grandes prêmios na F-1, somando 20 vitórias, 24 pole positions, 48 pódios e o título mundial de 2008. É um dos quatro campeões mundiais com motor Mercedes-Benz, ao lado de Juan Manuel Fangio, Mika Hakkinen e Jenson Button.
Eu ouvi sobre a saída de Hamilton da McLaren para a Mercedes nos últimos três meses e, por mais que soasse estranha para mim e para tantas outras pessoas nos paddocks e salas de imprensa da F-1, sempre achei que ele era suficientemente louco para isso. Quanto à nova aposentadoria de Schumacher, pra mim foi conclusivo o descuido de Bernie Ecclestone, quando deixou escapar um lamento pelo fato de o alemão "sair sem conseguir vencer um GP". Mas, diante de todas as bombas que começaram a estourar e da ausência de um anúncio de despedida do alemão, me vem à lembrança um comentário do amigo João de Mattos ainda na metade do ano. Ele me disse que tinha ouvido de uma pessoa influente na Mercedes que Hamilton substituiria Schumacher, e que o alemão voltaria a ser piloto da Ferrari.
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