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Satisfação e tristeza na despedida dos Jogos de Londres

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Por MIKE COLLETT-WHITE E MARIA GOLOVNINA
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Londres se lembrava dos Jogos Olímpicos nesta segunda-feira com satisfação e tristeza, confiante de que tinha sediado uma Olimpíada de sucesso, mas ciente de que a festa de 17 dias tinha acabado e estava de volta à realidade da recessão econômica e cortes de gastos dolorosos. Enquanto milhares de atletas voavam de volta aos seus países, os jornais em casa e no exterior elogiavam os Jogos que incendiaram a imaginação do país anfitrião e ofereceram muitos momentos desportivos memoráveis. "O veredito do mundo é unânime", proclamou o editorial do jornal The Sun depois que milhões acompanharam no domingo uma cerimônia de encerramento exuberante com algumas das maiores bandas de pop britânico, incluindo Take That e The Who. "Nossos Jogos foram sensacionais. Nós absolutamente acertamos em cheio", acrescentou o jornal. "Então, vamos ficar muito orgulhosos hoje. Ser britânico é ser um vencedor novamente." Muitos comentaristas estrangeiros concordaram. Kevin McCallum, principal correspondente de esportes do jornal The Star na África do Sul, destacou o corredor britânico de longa distância Mo Farah e o jamaicano Usain Bolt em sua coluna. "Estes foram os Jogos amigáveis de um povo apaixonado por eles. Estes foram os Jogos de conto de fadas de Mo Farah. Estes foram os Jogos rock and roll de Usain Bolt. Estes foram os meus Jogos, e eu vou sentir saudades." SENSAÇÃO DE TRISTEZA Essa sensação de tristeza era compartilhada por muitos, incluindo o excêntrico prefeito de Londres, Boris Johnson, que, assim como o primeiro-ministro do país, David Cameron, e membros da realeza, foi um visitante frequente dos Jogos e teve um impulso na popularidade como resultado. "É certamente verdade que eu senti um desejo louco momentâneo ontem à noite de não dar ao (presidente do Comitê Olímpico Internacional) Jacques Rogge aquela bandeira", disse ele a jornalistas, referindo-se à entrega da bandeira olímpica para o Rio de Janeiro, que sedia os Jogos de 2016. "Eu quase puxei de volta. Mas acho que existem duas emoções. Uma deles é, obviamente, alguma tristeza de que está tudo acabado... mas também um grande alívio porque não há dúvida de que foi um esforço prodigioso de Londres e dos londrinos." A sensação de realização estava em forte contraste com a de mau agouro na preparação para o evento, quando uma falta embaraçosa de guardas de segurança e preocupações com o caos no transporte urbano tinham dominado o debate. Acrescente a isso um investimento de mais de 14 bilhões de dólares durante uma crise econômica, para não mencionar os temores de um ataque terrorista, e a sensação de alívio é palpável agora que está tudo acabado. Mas, para um pequeno número de participantes, a saga da Londres 2012 ainda não havia terminado. A campeã de tiro olímpico feminino Nadzeya Ostapchuk, de Belarus, teve sua medalha de ouro anulada nesta segunda-feira depois de testar positivo para uma substância proibida. E um judoca congolês e três outros membros da delegação olímpica do país centro-africano desapareceram em Londres, informou a imprensa local, acrescentando à lista de outros sete atletas africanos que sumiram durante os Jogos. SEM PROBLEMAS Enquanto milhares partiam do aeroporto de Heathrow após participarem da festa de encerramento no domingo, o porta-voz de Cameron disse que os benefícios econômicos associados às Olimpíadas serão de cerca de 20 bilhões de dólares --valor questionado por muitos especialistas. "Há benefícios mais amplos em sediar Jogos Olímpicos --ver a nação se unir, ver todas as pessoas maravilhosas se voluntariarem para os jogos", acrescentou ele. Apesar das preocupações com o sistema de transporte e o número de seguranças privados, que forçaram o governo a convocar soldados extras para ajudar a verificar os visitantes, os Jogos ocorreram praticamente livres de problemas.

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