Scheidt compete pelo 1º ouro do Brasil

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

São quatro velejadores para as três vagas do pódio da classe Laser e o brasileiro Robert Scheidt tem todas as chances de garantir a primeira medalha de ouro para o Brasil nas águas de Agios Kosmas, nesta Olimpíada de Atenas: pode ser até nono colocado que será campeão e chegando até o 15º lugar garante seu bronze. Liderando com 49 pontos perdidos (já descartado o pior resultado), na regata decisiva deste domingo Scheidt terá pela frente o austríaco Andreas Geritzer, segundo colocado no geral com 58, mais o esloveno Vasillij Zbogar com 63 e o inglês Paul Goodison com 64. Neste sábado o velejador queria sossego, na folga antes da última regata. Pela manhã, passou pelo massagista Jefferson da Silva Santiago, o "Romário", na Vila Olímpica, para uma sessão de shiatsu, e depois preferiu ficar ao lado da família. Se for campeão, Robert Scheidt se iguala ao triplista Adhemar Ferreira da Silva, o único a conquistar dois ouro olímpicos para o Brasil. O velejador é hoje o atleta mais vitorioso do País, com sete títulos mundiais da Laser, uma medalha olímpica em Atlanta/96 e uma prata em Sydney/2000. Na sexta-feira, se sentia reanimado, com confiança, depois de uma quinta-feira de cabeça quente, literalmente: ficou quase nove horas na água debaixo do sol escaldante, esperando ordens para o início de regata. Na volta, passou pela sessão diária de shiatsu com Jefferson (o trabalho é para distribuir a energia pelo corpo, desbloqueando pontos acumulados e ativando outros, para chegar a um equilíbrio). Na sexta, saiu da água feliz, consciente de sua capacidade de recuperação de erros colocada à prova, e mais confiante. Mas já avisava que queria ter dois dias de paz pela frente, antes da decisão. Cerveja - Uma sombra ainda paira sobre o atleta e seu técnico Cláudio Bieckark: o fantasma da Olimpíada de Sydney/2000, quando o brasileiro acabou perdendo o ouro para o inglês Ben Ainslie - justamente o adversário que havia deixado para trás em Atlanta/96. Scheidt saiu enfurecido. Nestes quatro anos seguiu sua preparação pensando em Atenas. Daí a necessidade do "pé no chão", como disse. "Ainda não ganhei nada." Foi assim também em Atlanta/96, quando ganhou. Em "retiro" até o último dia, enquanto boa parte da equipe já comemorava as medalhas anteriores em um bar tomado pelos brasileiros na boca do pier de Savannah, onde foi a competição. Scheidt só decidiu comemorar depois do ouro. Sua extravagância: "Vou tomar umas duas cervejas." Hoje, deve fazer a "sua" regata, como afirmou, quanto à estratégia. "É manter a calma para decidir, não ficar ansioso, velejar como estou acostumado. Não tem nada de fácil. Tenho o privilégio de estar na frente, a situação é boa, mas não tenho nada garantido." O técnico Cláudio Bieckark lembra das dificuldades da raia, com ventos muito variáveis. Pelo menos de Andreas Geritzer, que é só elogios para o brasileiro, Scheidt não deverá temer a marcação, como foi a do inglês Ben Ainslie há quanto anos. "Vou fazer a minha regata, sem tentar bloquear ninguém", falou o austríaco. O esloveno Vasillij Zbogar disse que tentará velejar o máximo que sabe porque, estando na frente, poderá controlar os adversários.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.