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Campeonato Espanhol quer minimizar impacto e provar que há vida sem Messi após 17 anos

Barcelona é uma incógnita na primeira temporada sem o argentino e, com o Real Madrid passando por reestruturação, Atlético aparece como favorito ao bicampeonato

Por Rafael Sant'Ana Ferreira
Atualização:

Após perder o português Cristiano Ronaldo para a Juventus em 2018, a LaLiga, empresa que organiza o Campeonato Espanhol, teve que se despedir de Lionel Messi, que se mudou para o Paris Saint-Germain por causa de questões envolvendo o Fair Play Financeiro. O torneio terá de superar o impacto da saída do craque argentino e provar que há vida sem ele após 17 anos.

A nova temporada começa neste sábado, com a partida entre Valencia e Getafe. O Atlético de Madrid aparece como o favorito a vencer o título, com o rival da cidade se reestruturando, e o Barcelona em uma posição de incerteza depois da saída do maior ídolo do clube.

Messi deixou o Campeonato Espanhol por questões relacionadas ao Fair Play Financeiro. Foto: Albert Gea/Reuters

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Porém, equipes que costumam ficar atrás dos grandes desejam uma posição mais acima na hierarquia do futebol espanhol. Por isso, o equilíbrio deve marcar esse campeonato, com uma oportunidade de ouro para aqueles que desejam tomar o trono do jogador que dominou a liga por mais de uma década.

Na última temporada, o faturamento anual da LaLiga foi de 5 bilhões de euros (R$31 bilhões), número 3,6% maior do que antes da pandemia. Apesar da boa gestão dos clubes e da marca do campeonato para manter as contas em dia, é muito provável que essa cifra diminua neste ano.

Pedro Trengouse, especialista em gestão esportiva na FGV, analisou como o Barcelona será afetado com a perda de seu principal ativo, segundo estimativa da Brand Finance. "Os ídolos são fundamentais para o sucesso econômico de qualquer equipe e competição. A saída de Messi poderá reduzir o valor da marca FC Barcelona em 11%, ou seja, o clube pode perder 137 milhões de euros (R$ 842 milhões) do 1,266 bilhão de euros (R$ 7,78 bilhões) da sua avaliação até 2021", disse. 

Javier Tebas, presidente da LaLiga, declarou nesta quinta-feira que a saída de Lionel Messi do Barcelona foi “um pouco traumática”. O mandatário ainda citou o acordo “histórico e excepcional” obtido para o projeto LaLiga Impulso junto com o fundo de investimentos CVC, que foi aprovado sem a anuência de Barcelona, Real Madrid e Athletic Bilbao.

Os catalães tinham direito a 275 milhões de euros (R$ 1,68 bilhão pela cotação atual) deste acordo, mas Tebas ironizou dizendo que o clube “tem gente muito inteligente tomando decisões e nas últimas decisões é que estão percebendo”.

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Javier Tebas, presidente da La Liga, responsável pela organização do Campeonato Espanhol. Foto: Susana Vera/Reuters

Com o argentino na França, o mandatário terá que apostar em outros nomes para dar visibilidade ao seu produto. Mesmo que nenhum deles tenha o tamanho de Messi, a liga espanhola não deixa a desejar em qualidade. 

Após oito anos, o Real Madrid acertou a volta de Carlo Ancelotti, técnico campeão da Champions 2013–14 com a equipe. Benzema, Modric e Toni Kross continuam como os pilares do elenco. O clube perdeu Sergio Ramos e Varane, é verdade, mas contratou o austríaco David Alaba, ex-Bayern, e tem Gareth Bale de volta do empréstimo ao Tottenham.

A expectativa cai também sobre o belga Eden Hazard, que sofreu com lesões e disputou apenas 43 partidas desde que chegou em 2019. Além dele, o brasileiro Vinícius Júnior pode talvez fazer sua melhor temporada no Madrid, mas isso dependerá de como o treinador italiano usará o jogador de 21 anos.

No Atlético de Madrid, atuais campeões da competição, o argentino Diego Simeone foi buscar seu compatriota Rodrigo de Paul na Itália, onde o meia jogava na Udinese. Os Colchoneros desembolsaram 35 milhões de euros (R$ 214 milhões) para contar com o futebol do atleta, que teve grande performance na campanha vencedora da Argentina na Copa América realizada aqui no Brasil. 

Rodrigo de Paul, uma das novidades do Campeonato Espanhol para essa temporada. Foto: Divulgação/Atlético de Madrid

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Depois de perder Messi, o Barcelona tenta vislumbrar dias melhores. A equipe comandada pelo holandês Ronald Koeman se reforçou no mercado e contratou Memphis Depay, ex-Lyon, Sergio Agüero, ex-Manchester City, e o lateral Emerson Royal, brasileiro que atuava pelo Betis. 

No total, gastaram apenas nove milhões de euros (R$ 55 milhões), já que os atacantes tiveram custo zero. A aposta é de que Antoine Griezmann possa render mais e colaborar com uma promissora geração de jovens talentos, encabeçada por Pedri e Ansu Fati. 

Sevilla, Real Sociedad, e Villarreal são times que não investiram muito no mercado, mas como são bem estruturados, devem fazer campanhas interessantes nesta temporada e podem surpreender os favoritos.

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Vale destacar que a equipe de Julen Lopetegui brigou até o final pelo título na edição passada e foi três vezes campeã da Uefa Europa League quando tinha Unai Emery no banco de reservas. Na última decisão do torneio europeu, o Villarreal, atual clube do espanhol, venceu o Manchester United nos pênaltis e conquistou seu primeiro título na história. O ex-treinador do Arsenal já soma quatro taças de Europa League no currículo. 

A transmissão da LaLiga fica por conta dos canais Disney, únicos detentores dos direitos da competição no Brasil. Além de ESPN e Fox Sports, a empresa também pretende passar o campeonato no Star+, um serviço de streaming por assinatura que será lançado em 31 de agosto.