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Sem pista, SP fica sem Troféu Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

O Troféu Brasil de Atletismo não vai ser em São Paulo, como havia sido anunciado no ano passado, em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na época em que o secretário de Esportes e Turismo era Marcos Arbaitman. E o motivo é simples: a prometida reforma da pista de atletismo do Conjunto Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, o mais importante da capital paulista, simplesmente não ocorreu. Mais dois secretários passaram pela pasta - Gabriel Chalita e Luciana Temer, atual titular - e apesar da disposição da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) em patrocinar a reforma (cerca de R$ 2 milhões seriam investidos), um problema jurídico impede o uso da pista. "A BM&F está com o dinheiro, já escolheu a pista, mas o convênio não sai", contou o empresário Sérgio Coutinho Nogueira, diretor da equipe BM&F Atletismo e integrante da comissão técnica que escolheu o novo projeto da pista. Reformada há mais de uma década, a pista está gasta, tem buracos, problemas sérios de manutenção, remendos feitos pelos próprios usuários, enfim, nenhuma condição de receber a prova. A atual secretária de Esportes e Turismo, Luciana Temer, informou aos próprios técnicos que trabalham no Ibirapuera que há pendências jurídicas. O presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Roberto Gesta de Melo, confirmou, em Kingston, na Jamaica, onde o Brasil disputou o Mundial Juvenil de Atletismo, que o campeonato não será em São Paulo. "Talvez no Rio", afirmou o dirigente, dizendo que a data da competição está mantida, de 26 a 29 de setembro. "Simplesmente não tem mais pista", resumiu o técnico do salto com vara, Elson Miranda, que consertou a área de saltos. "Eu tinha os tapetes da borracha sintética que usamos e o pessoal da Play Piso cortou e colocou. Na verdade, eu fiz um remendo porque preciso da pista para treinar e para realizar um circuito de provas", explicou o treinador. "A BM&F queria pagar pela reforma, mas eles dizem que não conseguem chegar a uma solução jurídica." Thiago Jacinto Carahyba, campeão mundial do salto em distância na categoria menor, comenta que já se machucou uma vez na caixa do salto - que é curta. A areia que fica dentro da caixa também não tem manutenção - os gatos usam o local para fazer sua necessidades. O técnico Nélio Moura e a equipe de saltos chegou a comprar uma lona para cobrir a área, gasto que depois foi reembolsado pela Federação Paulista de Atletismo. Luís Eduardo Ambrósio, que foi quinto colocado nos 400 metros no Mundial Juvenil da Jamaica, com o novo recorde brasileiro para a distância (46s08), explica que qualquer um pode notar o problema no Ibirapuera, não precisa ser especialista. "A pista está totalmente desgastada, as raias estão gastas de tanto uso", disse ele (o local foi reformado há mais de uma década, quando o ex-corredor Agberto Guimarães era o diretor do complexo). "Nas raias centrais parece que tem um caminho, mais fundo. A saída dos 100 metros está totalmente gasta", acrescentou Ambrósio, dizendo que a principal preocupação dos atletas é com as contusões. Embora mantenha o Projeto Futuro, que vem obtendo excelentes resultados no desenvolvimento de talentos, como mostrou o Mundial da Jamaica, o Governo do Estado, não responde pela manutenção do complexo. O Ibirapuera é o principal centro de treinamento do atletismo na capital paulista. Melhor da história - Apesar de não ter condições ideais, o Brasil fez a melhor campanha da história em nove edições de Mundiais Juvenis, na Jamaica. Com 28 atletas, o Brasil terminou em 11º lugar na classificação geral, entre 167 países, com duas medalhas de bronze (de Keila da Silva Costa, no salto triplo, e de Juliana Paula Santos Azevedo, nos 800 metros), dois terceiros lugares, dois quartos, quatro quintos, um sétimo e um oitavo.

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