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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Sem rivais

O Paraguai também sucumbiu à força que a seleção recuperou por aqui sob o comando de Tite

Por Antero Greco
Atualização:

Até dia desses, a seleção tirava o sono do mais abnegado torcedor. A perspectiva de ficar fora de uma Copa não era tão improvável como a história e o cinco títulos faziam supor. Pânico ensaiava espalhar-se, a cotação estava em baixa. Num clicar de dedos, os temores sumiram, os fantasmas levaram pé nos lençóis, os maus presságios viraram fumaça. O Brasil sacudiu a poeira, limpou o mofo, reaprumou e está faceiro para aventurar-se na Rússia.

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A reviravolta começou com a chegada de Tite, menos de um ano atrás, já com a tarefa urgente de semear a terra arrasada pelo antecessor. As vitórias voltaram a fazer parte da rotina, e o passo enorme rumo à 21.ª participação veio com os 3 a 0 sobre o Paraguai, ontem à noite, em Itaquera.

Outro resultado convincente, sem poréns nem entretantos, de equipe que encorpa, amadurece, afina a sintonia e resgata a autoestima lascada desde aqueles 7 a 1 numa noite de julho no Mineirão. O jovem grupo sob a batuta de Tite recuperou o gosto de jogar fácil, às vezes até abusado, e passeia sobre adversários conhecidos, mas que ultimamente lhe tiravam lascas.

O Paraguai não foi páreo para a turma de amarelo. No primeiro tempo até tentou parar a seleção com marcação forte e rodízio de faltas sobre Neymar. A tática esfarelou com o gol de Philippe Coutinho. No segundo, sem fôlego, sem rumo, sem técnica ou tática, levou outros dois, e a diferença só não foi maior porque Neymar errou pênalti.

Tite conseguiu equilíbrio na defesa, raramente incomodada, nivelou o meio, com Casemiro, Paulinho e Renato Augusto, tornou fluido o ataque com Coutinho, Firmino (Gabriel Jesus, quando estiver bom) e Neymar. Nas redondezas, por ora, não há rivais. Aguardemos quando vierem amistosos contra grandes da Europa. Serão testes importantes, mas hoje, sem patriotada, dá para esperar coisa boa.

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Gigantes em apuros. Argentina e Holanda são escolas de futebol respeitadas. A seleção dos vizinhos tem dois Mundiais e três vices. Os europeus jamais levantaram a taça, mas ficaram em segundo em três ocasiões. Na competição de 2014, garantiram o terceiro.

Pois ambas correm risco de saltar o compromisso marcado para a Rússia. Os tropeços, indefinições e crises por que passam aumentam as dúvidas. Os holandeses chafurdam na etapa de qualificação europeia. O sorteio os jogou para o Grupo A, junto com França, Suécia, Bulgária, frequentadoras de Copas, além das insossas Bielo-Rússia e Luxemburgo. Na teoria, se imaginava chave complicada. A prática está a provar que é encardida. A Holanda está em quarto, com 7 pontos em cinco rodadas. A França lidera com 13, seguida de Suécia (10) e Bulgária (9). Pelo regulamento, o vencedor da série tem vaga assegurada, enquanto o vice vai pra repescagem. A safra não é boa e, para encrespar, no domingo acabou a aventura de Danny Blind como técnico.

Os argentinos penam nestas bandas. Há atenuante para eles pela forma de disputa. A América do Sul é região mais favorecida, em porcentuais, na distribuição de vagas: quatro diretas e uma na repescagem. Como são 10 participantes, isso significa que 50% podem estar na Rússia.

E não é que a rapaziada de Edgardo Bauza consegue provocar calafrios nos torcedores?! O mais recente veio no final da tarde de ontem, com os 2 a 0 para a Bolívia, em La Paz. Vá lá que havia vários desfalques, o maior deles Messi. Ok que a altitude derruba. Mas um vice-campeão não pode apresentar como retrospecto 6 vitórias, 4 empates, 4 derrotas, 15 gols a favor e 14 contra. Está no limite – 5.º lugar, com 22 pontos, e hoje iria para a repescagem. Bauza não consegue achar fórmula de harmonizar os talentos e transformá-los em equipe. Será que se aguenta até a Copa? Não boto muita fé.