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Também não foi desta vez

Futebol feminino - Meninas jogaram bem, mas viram o pesadelo de Atenas se repetir em Pequim

Foto do author Robson Morelli
Por Robson Morelli e Pequim
Atualização:

Mais uma vez a seleção brasileira feminina de futebol terminou uma competição em segundo lugar. Perdeu para os Estados Unidos na prorrogação e viu o sonho do inédito ouro olímpico se desfazer a exemplo do que aconteceu em Atenas quatro anos atrás diante do mesmo rival. Parece ser essa a sina do país que mais títulos tem em Copas do Mundo: fracassar com a modalidade em Jogos Olímpicos. As meninas perderam a decisão um dia depois de o time do técnico Dunga cair contra a Argentina na semifinal. Se Ronaldinho Gaúcho e seus companheiros passarem pela Bélgica, o futebol brasileiro em Pequim volta para casa com um bronze e uma prata na bagagem. "Não sei mais o que fazer para ganhar uma competição com a seleção brasileira. Tenho conquistas individuais, mas me falta um título com o Brasil. São duas Olimpíadas e um Mundial que já deixamos escapar, que tivemos chances de ganhar e desperdiçamos", comentou Marta, ainda com os olhos vermelhos do choro. Todas as meninas choram após a partida. E depois um pouco mais na entrega das medalhas. "Não sei por que a nossa bola não entra nas finais e a bola delas entra. Não consigo entender isso. Vou ficar a vida toda me perguntando isso. Por que dá certo para os Estados Unidos e não para o Brasil", desabafou a melhor do mundo. O Brasil foi melhor o tempo todo. Nos números da comissão técnica, a seleção ficou no campo adversário 90% do tempo jogado. Pressionou, mas chutou pouco ao gol. Tocou a bola, mas não conseguiu finalizar. Marta teve a melhor chance no segundo tempo, quando chutou forte de dentro da área. A goleira Hope Solo fez boa defesa. Em escanteios, o Brasil também sempre levou perigo aos Estados Unidos. Marta correu muito e, no final do tempo regulamentar, já não tinha mais pernas para dar suas arrancadas. Nem ela nem Cristiane nem Daniela. "Não agüento mais perder", disse Cristiane, já com a prata no peito. Injusto desmerecer as meninas dos Estados Unidos, todas elas aplicadíssimas taticamente. A linha de cinco na defesa não se desfez por nada. Marta não teve sossego nenhum instante. Foi bem marcada. Quase anulada. E quando elas perceberam que as brasileiras não tinham mais fôlego, avançaram. Ganharam terreno e o jogo. Amy Rodriguez e Carli Lloyd arrebentaram com a defesa nos últimos minutos. Antes da prorrogação, aos 44 minutos do segundo tempo, Lloyd teve chance clara contra Bárbara. A goleira pernambucana levou a melhor no lance. Ela só não conseguiu impedir o gol da mesma Lloyd aos 6 minutos do primeiro tempo da prorrogação. O gol do ouro. Delas de novo. Mais uma vez o Brasil ficaria com a prata. Pelé estava no Estádio dos Trabalhadores, mas quem entregou a premiação às atletas dos três times foi o presidente da Fifa, Joseph Blatter.

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