29 de junho de 2010 | 00h00
"Não sei exatamente de onde vieram meus bisavós, meus pais não falam sobre isso", diz Pouvaindri Nair, de 40 anos, que trabalha como caixa de uma loja de departamentos. Na testa, ela tem a tilaka, a inconfundível marca vermelha dos hinduístas, que representa a "terceira visão" e permite defender-se dos maus espíritos. Casada com um tâmil, ela fala inglês com seus filhos. "Não tenho problemas com os outros grupos, mas me relaciono só com tâmeis e outros indianos", conta Pouvaindri, que aos sábados não come carne e vai ao templo hinduísta.
Os avós de Barbara Pilay nasceram na Índia, mas ela também não sabe onde. "Eu era pequena quando eles morreram, e não perguntei aos meus pais", disse Barbara, de 45 anos, casada com um alemão católico. Sua visão sobre a África do Sul é como a dos brancos.
"Depois do fim do apartheid, tudo mudou. Não estamos seguros em nossas próprias casas, não podemos andar na rua", queixou-se Barbara, que trabalha numa banca de pescados na frente da mesquita. Ela cita também o problema da oferta de empregos. Sua filha de 28 anos estudou contabilidade, mas não conseguiu um bom emprego. Trabalha como gerente numa loja de tecidos. "Não sou racista, mas estávamos melhor antes."
"O racismo se inverteu", constata Bradley Mutasami, de 27 anos, cujo pai veio criança de Mumbai e aqui se converteu em cristão pentecostal. Mutasami é casado com uma descendente de indianos que também frequenta a igreja pentecostal. Os dois têm um um casal de filhos. "Agora são os negros contra os indianos e brancos. Qualquer coisa, eles o acusam de racismo. E têm a polícia do lado deles", disse Mutasami.
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