Técnico ameaça tirar Phelps de disputas

Revolta é com o maiô do rival alemão, que venceu os 200 m livre

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Por Valeria Zukeran e ROMA
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Michael Phelps teve um dia de perdedor. Foi ontem, na final dos 200 m livre do Mundial de Esporte?s Aquáticos de Roma, ao ser superado pelo alemão Paul Bidermann. Como se isso fosse pouco, o americano viu o adversário quebrar seu recorde mundial, 1min42s96, e estabelecer 1min42s. O resultado da prova causou muita discussão: de um lado o alemão era questionado se devia sua vitória mais ao maiô tecnológico do que a sua performance. De outro, o técnico de Phelps, Bob Bowman, defendia a ideia de tirar seu pupilo das competições até que a nova regulamentação das roupas entre em vigor. Bidermann se defendeu da alegação de que os méritos de sua vitória eram do X-Glide, da Arena, que vestia. "Não foi só o maiô. Ele ajuda a ganhar uns metros, mas não é o mais importante", argumentou o alemão. O técnico de Phelps, Bob Bowman, estava revoltado. Segundo ele, é verdade que as condições físicas de seu pupilo não são as mesmas de Pequim, mas ele diz que os novos maiôs - Speedo LZR usado pela equipe norte-americana na China - permitem que o atleta poupe energia, que é usada na parte final da prova. E ironizou Bidermann: "Michael demorou de 2003 a 2008 para diminuir 1min46 para 1min42s90 e esse cara consegue em 11 meses? É um programa de treinamento fantástico. Gostaria de saber qual." Phelps foi mais comedido: "Eu perdi para um nadador". O americano reconheceu que a temporada longe das piscinas depois dos oito ouros em Pequim e a suspensão no início do ano por uso de maconha cobraram seu preço. "Eu tentei aumentar o impulso nas viradas. Geralmente funcionava, mas dessa vez não foi o caso." Phelps, no entanto, não deixou de expressar seu descontentamento com a situação atual da natação. "A gente não fala mais de nadadores, mas de roupas de competição", reclamou o nadador, que amanhã disputa medalha nos 200 m borboleta - ontem ficou em segundo nas semifinais (1min53s48), atrás do japonês Takeshi Matsuda (1min53s35). Bidermann fez a mesma queixa e defendeu o controle sobre os maiôs. "Porque o problema é o que virá depois, se resolverem fazer luvas ou coisas do gênero." REGRA Ontem, em Roma, o Bureau da Federação Internacional de Natação (Fina), reuniu-se e ficou decidido que um grupo de especialistas de cinco continentes, comandado pelo professor Jan-Anders Mason, do Instituto Federal Suíço de Tecnologia, decidirá o conceito da palavra "têxtil". A princípio, a Fina quer que seja um "material composto de fios naturais e/ou sintéticos, individuais e não consolidados (isso excluiria as roupas de poliuretano)". Os homens só poderão usar bermuda e as mulheres um colant que não pode cobrir o pescoço ou passar dos ombros. O material não poderá revestir o corpo abaixo dos joelhos ou ter zíper. As regras dos novos maiôs deverão entrar em vigor no ano que vem. A data ainda não foi definida porque a Fina pretende conversar com os empresas de material esportivo. A intenção é não passar de abril de 2010.

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