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Tênis de mesa: antidoping na raquete

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Por Agencia Estado
Atualização:

No tênis de mesa, até a raquete pode ser dopada. ?Turbinada" por um tipo de cola proibida - com solventes fortes, como o clorado e alguns aromáticos -, ela ajuda a melhorar o desempenho do jogador. Para "pegar" a "raquete dopada" e, conseqüentemente, o mesa-tenista que infringe as regras do esporte, existe o "exame" antidoping. Em competições como olimpíadas e mundiais, a comissão de dopagem escolhe as raquetes que passarão pelo controle. "Dá para perceber quando a raquete está com cola proibida. A batida da bolinha é diferente, até o barulho muda", afirma Marles Sérgio Martins, coordenador-técnico da seleção brasileira, que disputa a sétima etapa do circuito mundial da Federação Internacional de Tênis de Mesa, em São Paulo. "Muitas vezes, dá até para sentir o cheiro da cola proibida. É muito mais forte." A raquete do tênis de mesa é de madeira, revestida por uma fina camada de espuma e borracha (lisa ou com pinos), trocada com freqüência pelos atletas. Hugo Hoyama, o melhor brasileiro no ranking internacional (ocupa a 103ª colocação), troca a borracha da raquete antes de cada jogo. "É como o tenista, que troca a corda da raquete a cada partida. Ela fica zero-quilômetro", explica o atleta, que já teve raquete sorteada para antidoping. "Não uso cola proibida porque nos grandes eventos sempre tem controle. O cheiro dá até dor de cabeça." A raquete fica "turbinada" por pouco tempo e, assim, é preciso reaplicar a cola com freqüência - é passada na madeira e na borracha momentos antes dos jogos. Normalmente, o solvente começa a evaporar e se aloja nos poros da espuma. A borracha fica mais esticada e impulsiona mais a bolinha. "Na cola proibida, o solvente aumenta ainda mais os poros da espuma. É como pôr motor de Ferrari num Fusquinha por algumas horas", conta Marles Martins. Segundo ele, a bolinha - que aumentou de tamanho e hoje tem 40 milímetros de diâmetro - chega a alcançar mais de 180 km/h e um efeito de 140 rotações por segundo. "Quando era menor, passava dos 200 km/h." O teste - Josué Otsuka, chefe da delegação brasileira na etapa de São Paulo, conta que o controle antidoping de raquetes começou em 1995, no Mundial da China - a raquete do melhor mesa-tenista coreano, Kim Taek-soo, bronze na Olimpíada de Barcelona, em 92, teve resultado positivo para a cola proibida. O atleta foi desclassificado e perdeu a vaga na semifinal. O exame é simples: as raquetes escolhidas (ou as borrachas das raquetes) são colocadas em uma caixa fechada (para "segurar" o solvente evaporado), com vários tubinhos com reagentes. A mudança na coloração mostra se a raquete está ou não "dopada".

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