Publicidade

Tentando reerguer CBDA, nova gestão aposta em maratona aquática no Maria Lenk

Gestão luta para reerguer confederação após várias denúncias de corrupção e prisões

PUBLICIDADE

Por
Atualização:

Tentando superar a crise que quase paralisou os esportes aquáticos do Brasil em 2017, a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) terá no Troféu Brasil – Maria Lenk o primeiro grande desafio da sua nova gestão, nesta semana. A maior e mais tradicional competição de natação do País terá início neste domingo, no Rio de Janeiro, com uma novidade: a maratona aquática de 10km em Copacabana. 

A prova deve aumentar os holofotes sobre a competição, que é a grande aposta dos novos dirigentes para mostrar serviço e atrair novos patrocinadores para a entidade. A CBDA tenta recuperar a credibilidade após denúncias de corrupção e prisões que culminaram na intervenção da Justiça no ano passado. 

Ana Marcela é uma das favoritas na maratona. Foto: Felipe Rau/Estadão

Para tanto, terá como desafio organizar um Maria Lenk – que passou a se chamar também Troféu Brasil neste ano – com orçamento inferior ao dos últimos anos, em razão do sumiço dos patrocinadores. A nova gestão ainda não tem as cifras finais, mas confirma as dificuldades na organização do evento. 

“A maior dificuldade que tivemos foi a baixa capacidade financeira de investimento”, admite o presidente Miguel Carlos Cagnoni ao Estado. A nova diretoria espera fazer mais com menos. “Nosso orçamento é muito menor do que anteriormente. Mas esperamos fazer um evento do mesmo nível ou até melhor do que o do ano passado”, disse Renato Cordani, diretor de esportes da CBDA.

Com a chance de mostrar eficiência no Maria Lenk, a nova gestão aposta na maratona aquática, com a presença da atual campeã olímpica, a holandesa Sharon Van Rouwendaal. Pela mesma equipe da Unisanta, Ana Marcela Cunha será a maior esperança brasileira. “Para mim, a competição será ainda mais especial porque terá a maratona aquática pela primeira vez”, afirmou a nadadora ao Estado

Publicidade

A tricampeã mundial voltará ao mesmo palco da Olimpíada do Rio-2016, quando decepcionou ao ficar longe do pódio em Copacabana. “Acho que isso me deixou mais forte. O mais legal é ter esta chance de estar no mesmo lugar e poder fazer um resultado diferente”, disse a atleta, que competirá também nas piscinas, nos 400m, 800m e 1.500m.

No Parque Aquático Maria Lenk, as disputas serão de terça até sábado, com eliminatórias pela manhã e finais às 18hs. E a piscina de 50 metros também terá medalha de ouro olímpica: a lituana Ruta Meilutytea vai tentar repetir nos 100m peito o título em Londres-2012, ao defender o Flamengo, e Cesar Cielo será o maior destaque do Pinheiros nas provas de velocidade. 

Outros detaques serão Bruno Fratus, Nicholas Santos, João Gomes Júnior e Marcelo Chierighini. A maior baixa será Etiene Medeiros, que se recupera de cirurgia no ombro. Cielo, Fratus e cia. precisam de bons resultados para conseguirem índice para o Pan-Pacífico, a principal competição da temporada. 

O Maria Lenk servirá ainda para a CBDA formar mais duas seleções para o Sul-Americano e os Jogos Olímpicos da Juventude. “Existe uma grande expectativa por boas performances porque os resultados vão valer para três competições futuras, com destaque para o Pan-Pacífico”, afirmou Cordani, diretor de esportes da CBDA.

PUBLICIDADE

Eficiência para atrair patrocinadores

Passada a crise, a nova gestão da CBDA tenta recuperar as finanças da entidade e a meta agora é apenas uma: buscar novos patrocinadores. Para tanto, a confederação se esforça para mostrar eficiência e transparência para atrair novos apoiadores. 

“Nosso maior desafio é a recuperação da capacidade financeira da CBDA. Buscar novos patrocinadores, abrir novos horizontes e recuperar a capacidade financeira”, disse ao Estado o presidente Miguel Carlos Cagnoni, que diz confiar na equipe que montou em junho do ano passado. “Depois de nove meses de gestão, temos uma equipe adequada para qualquer tipo de desafio.”

Publicidade

Miguel Carlos Cagnoni, presidente da CBDA. Foto: CBDA/Divulgação

O novo time administrativo da CBDA será testado nesta semana, com a realização do Troféu Brasil – Maria Lenk, no Rio de Janeiro. Pela primeira vez, o evento terá a prova de 10km de maratona aquática. Mas, mesmo com um orçamento menor, o presidente fazer um evento com qualidade similiar a dos últimos anos. 

Ao mesmo tempo em que pretende exibir eficiência, a nova gestão quer reforçar a transparência da CBDA, que vinha de três décadas sobre a mesma administração. “Nosso intuito é ter transparência em vários pontos. Vamos aperfeiçoar e, por isso, temos um comitê de governança e compliance. Além disso, faremos um painel de transparência e vamos mostrar onde podemos nos desenvolver”, disse o presidente.

A busca por novos patrocinadores teve grande vitória na semana passada, quando a Federação Internacional de Natação (Fina) oficializou a aceitação da entidade brasileira em seu quadro.Isso é importante porque torna a CBDA reconhecida internacionalmente, o que dá uma espécie de “selo” de segurança à entidade nacional. 

“Um patrocinador não quer entrar numa bagunça, ele quer entrar numa confederação que esteja reconhecida pelos organismos internacionais”, explica Renato Cordani, diretor de esportes da CBDA. “Eles querem uma confederação que esteja mostrando transparência e governança corporativa. Estamos trabalhando nisso.”

O novo status da entidade era necessário porque a CBDA havia sido suspensa pela Fina no ano passado após imbróglio judicial que resultou na determinação de um interventor por parte da Justiça. Foi a consequência direta da Operação Águas Claras, da Polícia Federal, que prendeu a antiga cúpula da entidade sob a acusação de desvios que chegariam a R$ 40 milhões. 

A ação fez os Correios anunciarem o rompimento do contrato de patrocínio, que já havia sido reduzido de R$ 18 milhões anuais para R$ 5,7 milhões no início do ano passado. A medida, porém, acabou sendo revista pelo parceiro mais tarde. Mas, com a redução, os Correios interromperam o repasse individual aos atletas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.