Publicidade

Thiago Pereira cobra legado dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016

Medalhista olímpico, nadador endossa coro de atletas que clamam por mudanças no esporte brasileiro

PUBLICIDADE

Por Nathalia Garcia
Atualização:

SANTIAGO - O nadador Thiago Pereira é mais um atleta a engrossar o coro dos que esperam que os Jogos Olímpicos do Rio sejam um divisor de águas para o esporte brasileiro. Pensando nas próximas gerações, a sua principal preocupação é com um possível corte de investimento no período que sucederá a competição. "Espero que a gente consiga utilizar essa Olimpíada para alavancar o pós, que fique um legado e nada se acabe em 2016. Precisamos dar continuidade porque vai ter 2020, 2024 e uma nova edição a cada quatro anos."

 

PUBLICIDADE

Todo grande evento multiesportivo tem o potencial de contribui para a renovação das modalidades de duas maneiras. A primeira ocorre nos anos que o antecedem pela necessidade de encontrar novos talentos que ajudem o país a obter bons resultados e, consequentemente, medalhas. A segunda é posterior ao ciclo olímpico por permitir que o povo conheça os atletas e crie uma identificação com eles.

 

Para o nadador, o trabalho prévio está bastante atrasado e deveria ter sido iniciado entre 2008 e 2010. "Em dois anos e meio é difícil você criar uma base grande e ir com uma baita seleção para os Jogos. Muita coisa vai mudar, mas a cobrança não pode ser a mesma", comenta.

 

Quanto ao futuro, ele acredita que, mesmo o Brasil sendo o País do futebol, há espaço para colocar os esportes olímpicos em evidência. Thiago aponta que hoje o povo brasileiro carece de um ídolo e ele trabalha para mudar esse cenário. "É fácil uma criança nascer e ver um Neymar. Isso falta para os outros esportes. Um ou outro vem se destacando, mas não tem aquela coisa de eu quero ser um Giba, no vôlei. A gente teve um Guga, o que aconteceu com o tênis do Brasil?"

 

O atleta também não exime o povo brasileiro de culpa por essa situação e critica o pensamento dominante de valorizar apenas a medalha de ouro. Ele gostaria de "colocar na cabeça" das pessoas que os esportistas que estarão na Olimpíada serão os melhores representantes do País naquele momento, mesmo que fiquem com a prata, o bronze ou ainda fora do pódio. E ele recorda o feito obtido pelos irmãos Falcão, do boxe, nos Jogos de Londres.

 

"Eles não tinham estrutura para treino e mostraram o potencial deles. Você não pode cobrar de uma pessoa além do que ela teve. Então, como você vai falar: 'Mas foi bronze'. Ninguém tem noção de como os nossos atletas penaram para estar ali representando o Brasil."

 

LIDERANÇA Aos 28 anos, Thiago Pereira começou a sentir falta de uma energia contagiante na equipe brasileira de natação, o que despertou nele uma necessidade de agir e tentar promover a integração dos veteranos com os novatos. Com a ajuda de Henrique Barbosa, preparou uma atividade motivacional para o grupo reunido no Chile na tentativa de quebrar a barreira que existe entre eles. E o nadador conta que está dando certo e torce para os mais jovens deem continuidade ao trabalho que está sendo feito.

Publicidade

 

A experiência também tem o ajudado a esperar pela próxima Olimpíada com mais tranquilidade. A conquista da prata nos Jogos de Londres deixa Thiago mais à vontade para competir "Se a medalha não tivesse vindo, minha cobrança pessoal seria muito maior porque a gente sabe que tudo tem um limite e vai ficando cada vez mais difícil. Mas o meu grande sonho dentro da natação eu realizei e isso me tira uma tonelada das costas", afirma.

 

O fato de ter vencido Michael Phelps nas piscinas é motivo de orgulho para o brasileiro. E o grande rival pode estar de volta às piscinas em 2016, já que seu nome aparece na lista de teste antidoping da Fina (Federação Internacional de Natação). Thiago vê o retorno do americano como um estímulo e acredita que só chegou a nadar tão rápido por causa do alto nível de Phelps, de Ryan Lochte e do checo Lázló Cseh.

 

O brasileiro sente-se lisonjeado por ter feito parte de uma geração "única" e imagina o dia que poderá contar para os filhos e netos as suas grandes conquistas. "Medalhas e recordes, isso tudo passa. O que fica são as memórias e as amizades que a gente faz nesse período. São as coisas que dou mais valor em tudo o que tenho até hoje."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.