PUBLICIDADE

Thiago Pereira em fase de desafios até Pequim

Aos 21 anjos, ele sonha com pódios e índices olímpicos no Rio, onde pode nadar até 7 provas; antes, vai ao Mundial

Por Agencia Estado
Atualização:

Thiago Pereira integra uma geração versátil de brasileiros que adotou o medley, união dos quatro estilos da natação (borboleta, costas, peito e livre), e surgiu para o público a partir das medalhas conquistadas em São Domingos, em 2003 - aos 17 anos, foi prata nos 200 m e bronze nos 400 m medley. Aos 21, tem o desafio do Mundial de Melbourne, em março, do Pan do Rio, em julho, e sonha com medalha olímpica em 2008. Thiago viveu seu melhor momento em 2004. No medley, bateu os recordes sul-americanos dos 200 m (1min59s92) - foi o 1º brasileiro a nadar abaixo de 2 minutos -, e dos 400 m (4min17s62), derrubando uma marca de Ricardo Prado de 20 anos. Foi à final olímpica de Atenas e voltou do Mundial de Piscina Curta, em Indianápolis, com ouro nos 200 medley, bronze nos 100 m medley, prata no revezamento 4 x 100 livre e bronze no 4 x 200 livre. Teve uma fase ruim em 2005, quando uma luxação no joelho, sofrida num jogo de futebol, o tirou do Mundial de Montreal. Em 2006 melhorou o recorde dos 400 m medley (4min14s67). Ele aprendeu a andar e a nadar quase ao mesmo tempo. Com 1 ano e meio, foi para uma escolinha de natação de Volta Redonda, onde nasceu. Aos 7, tentou basquete e futsal. Aos 12, passou a treinar no Clube dos Funcionários da Companhia Siderúrgica Nacional. Está no Minas Tênis desde 2002. Passou um ano - entre idas e vindas - dividindo treinos e estudo na Universidade da Flórida (EUA). Nesta temporada decidiu voltar: vai nadar e estudar em Belo Horizonte. Portal Estadão - Foram duas medalhas no Pan de 2003. Boas recordações? Thiago Pereira - Eu tinha nadado o Mundial de Barcelona e em seguida fui para o Pan. Foram minhas duas primeiras competições internacionais num ano especial para mim, pelas medalhas e pelo índice para os Jogos de Atenas. E também foi o Pan em que todo mundo descobriu minha mãe (Rose) e seus gritos. Os berros da sua mãe ficaram conhecidos. Você consegue ouvir? Dentro da água, concentrado, não escuto. Mas ela disse que grita para não enfartar. E a expectativa para o Pan do Rio? Espero ir bem, conseguindo medalhas e o índice para os Jogos de Pequim. Quero fazer o índice de cara para ficar tranqüilo. Em 2004, vários nadadores sofreram por fazer o índice em cima da hora. Garantir a vaga significa focar o treinamento na Olimpíada. Você ficou um tempo na Universidade da Flórida. Por que decidiu voltar e treinar no Minas Tênis? Pretendia voltar para os EUA depois do Mundial de Melbourne. Decidi ficar porque não vi diferença no tipo de treinamento. Tem muita diferença, sim, em relação ao Brasil, no número de competições. Lá, eu tinha competição a cada 15 dias. Os pais dos nadadores fazem questão de que os filhos façam universidade, é quase regra. Gustavo Borges, por exemplo, é economista. Acho que nadadores têm de conciliar treinos, competições e estudos, até porque a vida útil de um esportista é curta. Pretendo ter alguma formação quando parar de nadar. Mas no Brasil nem sempre um nadador consegue isso. O André Cordeiro, quando treinava para os Jogos de Sydney, em 2000, não teve o pedido de dispensa aceito pela faculdade. O Minas me ajudou e eu vou fazer administração na Fumec, de Belo Horizonte. Perto do Pan, sei que vou perder aulas e atividades, mas eles concordaram em me ajudar a repor. O técnico Fernando Vanzela acha que você poderá nadar até 7 provas no Pan: 200 e 400 m medley; 4 x 100 e 4 x 200 livre; 4 x 100 medley; 100 m costas e 200 m peito. Por enquanto, tenho índice para nadar os 200 e os 400 m medley, o 4 x 200 livre e os 200 m peito. Ele quer que eu nade os 100 costas. Não sei se consigo nadar tudo, gostaria de disputar os revezamentos 4 x 100 m livre e 4 x 100 m medley. Antes, preciso analisar o programa para ver se não vai atrapalhar minhas provas principais. Sua prioridade é o estilo medley. Os 200 e 400 m. Também gosto dos revezamentos e sei que eles estão no fim do programa e não vão atrapalhar. Você pensa em vender a idéia de bater o recorde de número de medalhas numa única edição do Pan (são 5, de Gustavo Borges) a algum patrocinador? Nadar por bônus, como fazem os grandes nadadores no mundo? Primeiro, preciso me classificar. Aí, posso, sim, procurar quem banque o desafio. E a preparação para o Pan? A Confederação ainda não confirmou a preparação. Não sei se vai ter clínica no Rio. O Vanzela decidirá se nado em Missouri, em fevereiro. No Mundial de Melbourne, gostaria de disputar medalha, apesar de saber que é difícil. Vão estar lá os americanos Michael Phelps (recordista mundial dos 200 e 400 medley), o Ryan Lochte (recordista mundial de piscina curta nos 200 medley) e o húngaro Laszlo Cseh (recordista mundial de piscina curta nos 400 medley). Quero melhorar os meus recordes sul-americanos. Está bem para tentar pódio no Mundial? Acho que sim. No dia do meu aniversário (26), o Rodrigo Castro propôs um desafio, com tomada de tempo, lá no Minas. O técnico disse que se eu fizesse os 100 m costas em 53 segundos liberaria todo mundo do treino. Ajudei o pessoal a folgar. E a pressão de um Pan no Rio? Estou tranqüilo. Nadando bem o Mundial, vou ficar seguro. Qual sua melhor recordação? Da final olímpica e das medalhas no Mundial de Piscina Curta, em Indianápolis - venci o Lochte, que tinha acabado de ser vice olímpico, nos 200 m medley e na casa dele.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.