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Tiros livres

Por Daniel Piza e daniel.piza@grupoestado.com.br
Atualização:

É curioso que o Campeonato Brasileiro tenha terminado com um gol impedido, depois de um chute errado, na sobra de uma cobrança de bola parada, numa partida cujo árbitro tinha sido substituído no dia anterior em decisão inédita e infundada. Não, não estou aludindo a falcatruas. Até me supõem são-paulino de tanto que defendo os méritos do clube, a maneira como entendeu a mentalidade necessária para ser campeão no formato dos pontos corridos. O que me chamou atenção nas circunstâncias da última rodada foi, de novo, a qualidade técnica mediana. Nenhum time jogou realmente bem a temporada. *** A vantagem do São Paulo, por sinal, começa por aí. Muricy Ramalho e os jogadores são os primeiros a reconhecer que houve muitos problemas neste ano, que tudo "demorou a encaixar". Foi só no segundo turno, com jogos semanais, a definição de referências como Jean de primeiro-volante e Borges de homem-gol (sua média por partida foi igual à dos artilheiros do campeonato) e a volta de contundidos como Miranda, que o time atingiu a regularidade. Taticamente, foi o único que soube jogar ora com marcação adiantada ora à espera do contra-ataque, às vezes na mesma partida, como nessa contra o pouco motivado Goiás. Não por acaso foi a segunda melhor defesa e o segundo melhor ataque. Defender com muitos e atacar com muitos, repito, é a chave. *** Hernanes ainda não é o que chamo de craque, o jogador que além de cumprir bem suas funções sabe surpreender o adversário com freqüência. Não é o tipo de jogador que muda a cara de um jogo. Mas seguramente foi o melhor do campeonato justamente por simbolizar essa superioridade tática do São Paulo: sabe desarmar e armar, movimentando-se por todo o campo; tem bom passe, drible e chute, além de boa psicologia. Antes insistia em se dizer volante e Muricy demorou a lhe dar liberdade; hoje ele é versátil sem ser vago. *** O São Paulo sabe que precisa contratar melhor em 2009 para ser mais convincente. (Seu erro mais significativo foi contratar Carlos Alberto no começo do ano. Juninho, Fábio Santos e outros foram apostas que faziam sentido e não deram certo.) Com o dobro de investimentos do Grêmio, ficou apenas três pontos à frente. Precisa de outro centroavante e de meias mais criativos; precisa, acima de tudo, pensar em substituir bem os que provavelmente serão vendidos, como Hernanes e Miranda. Clubes que demoram a pensar nisso, como o Flamengo (que levou meses entre ceder Marcinho e trazer Marcelinho), se dão mal, por mais que se queira restringir a culpa ao técnico. *** O Grêmio, claro, foi mais longe do que o elenco sugeria, situação inversa à do rival Inter. Celso Roth fez bom trabalho, mas o time só sabia jogar de um jeito e sentia muito a falta de Tcheco quando este se contundia. Ao Cruzeiro faltou padrão tático, por tantas mudanças de escalação, e nomes mais experientes. Já o Palmeiras, que também investiu muito, deu a certa altura impressão de que tinha banco de reservas, mas Lenny e Denílson fazem pouco e Evandro e Maicossuel são opacos. Luxemburgo apoiou a venda de Henrique e Valdívia, disputou protagonismo com Marcos e quebrou a cara. *** Minha seleção do campeonato: Vitor (Rogério), Léo Moura (Victor), André Dias (Thiago Silva), Miranda (Fábio Luciano) e Juan (Jorge Wagner); Ramires (Rafael Moura), Hernanes (Íbson), Tcheco (Diego Souza) e Alex (Wagner); Keirrisson (Guilherme) e Kléber Pereira (Alex Mineiro). Técnico: Muricy. *** Ronaldo Fenômeno no Corinthians? Desejo toda a sorte do ludopédio a ele.

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