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Tom Brady no Tampa Bay? Não é uma ideia tão estranha assim

Parece que essa situação vai mudar.para o time 'azarão', após a chegada do astro da NFL

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Por Redação
Atualização:

O limite de partidas transmitidas no horário nobre por time na NFL é de seis, mas, com Tom Brady comprando sua passagem a bordo do navio pirata dos Buccaneers — será que vão deixá-lo controlar o papagaio empoleirado na popa? — talvez esse número aumente para 16.

Brady virou de pernas para o ar a paisagem do campeonato profissional de futebol americano NFL ao abandonar um dos times mais bem-sucedidos da era moderna e entrar para um azarão, podendo com isso injetar credibilidade e visibilidade em um time que não chega à fase eliminatória desde a temporada de 2007. Nesse intervalo, o Tampa Bay conseguiu no máximo terminar em segundo na divisão do sul da NFC, em duas ocasiões.

Tom Brady vai jogar no Tampa Bay Foto: Elsa/AFP

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Em 13 de suas 18 temporadas jogando como quarterback titular do New England, Brady disputou a final do campeonato da AFC, incluindo incríveis oito aparições seguidas entre 2011 e 2018. Em outras palavras, Brady tinha mais chance de aparecer na final do que de acertar um passe.

Todos esses passes foram acertados vestindo a camisa dos Patriots, é claro. Se Brady, sem contrato pela primeira vez aos 42 anos, quiser vivenciar algo completamente diferente da fortaleza do New England que o formou, talvez ele encontre isso no Tampa Bay.

Ele teria mudado de conferência em um momento em que três dos jovens astros jogando como quarterbacks — Lamar Jackson, Patrick Mahomes e Deshaun Watson — parecem destinados a controlar o campeonato da AFC. Brady parece deixar a divisão leste da AFC dominada pelo New England quando os Buffalo Bills, em particular, estão em ascensão.

Ele trocou de técnico, talvez deixando para trás Bill Belichick, cuja aparência pública lembra alguém confinado no assento do meio em um voo transatlântico, para trabalhar com Bruce Arians, gênio das jogadas ofensivas que gosta de usar bonés da moda e óculos escuros, misturando xingamentos com piadas. Arians também foi o mentor de Ben Roethlisberger em Pittsburgh e de Peyton Manning em Indianápolis, onde também trabalharam outros dois assistentes do Tampa Bay — Clyde Christensen, treinador de quarterbacks, e o consultor Tom Moore.

Frustrado com a falta de talento ofensivo para acompanhá-lo na temporada passada, agora espera-se que os passes de Brady cheguem a Mike Evans e ao veloz Chris Godwin, dois receivers que acumularam mais de 1.000 jardas na temporada passada e têm mais de 1,8m de altura. A última vez que Brady colaborou com um receiver tão rápido, atlético e forte quanto Evans foi quando Randy Moss vestia a camisa do New England, há mais de 10 anos.

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Os Buccaneers foram líderes em passes na temporada passada da NFL, mas não parece provável que repitam o feito. Para explorar o quanto Brady se sente à vontade usando jogadas por baixo e pelo meio do campo, o Tampa Bay poderia ajustar seu estilo de jogo explosivo e avançado que, com Jameis Winston jogando como quarterback, era ao mesmo tempo emocionante e descuidado. Nos cinco anos mais recentes, Brady teve 36 passes interceptados — no total, seis interceptações a mais do que Winston na temporada passada.

Brady pode estar chegando a uma situação favorável, cercado por técnicos inteligentes, talento ofensivo de sobra e uma defesa sólida (além de não haver imposto de renda estadual na Flórida).

Mas não deixa de ser uma aventura em um palco de incertezas, sem garantia de que jogará bem a próxima temporada, quando estará com 43 anos. A tabela de jogos dos Buccaneers está cheia de partidas interessantes, com visitas garantidas de Drew Brees, Mahomes, Aaron Rodgers e Matt Ryan (pelo menos duas dessas partidas devem ser no domingo ou na segunda à noite).

Tudo isso é novo, e não há modelo a seguir para a próxima fase da sua carreira: não há precedente para um quarterback lendário de 42 anos que deixa um time para ser titular de outro.

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Brady cresceu no Norte da Califórnia, torcendo pelos San Francisco 49ers de Joe Montana, que disputou suas duas últimas temporadas pelo Kansas City e deu vida nova à torcida do time, levando os Chiefs a uma final da AFC, mas parando por aí. Foram muitos os grandes quarterbacks que terminaram suas carreiras vestindo uniformes diferentes do habitual, com diferentes graus de sucesso. Mas nenhum deles era tão velho quanto Brady é hoje.

Ao redor de Brady, seus contemporâneos estão enfrentando a mortalidade no campo, como Brees e Philip Rivers, ou se aposentando, como fez o principal adversário de Brady no Super Bowl, Eli Manning. De acordo com o índice de jogadas da Pro Football Reference, apenas seis quarterbacks tentaram fazer um passe ou mais depois de completarem 42 anos. Juntos, esses quarterbacks — George Blanda, Steve DeBerg, Doug Flutie, Warren Moon, Earl Morrall e Vinny Testaverde — acertaram 29 passes que resultaram em touchdowns depois de completarem 42 anos. Brady acertou 24 na temporada passada. Moon, quando jogava pelo Seattle em 1998, acertou 11.

Apenas os torcedores mais devotos lembrarão onde a brilhante carreira de Moon terminou: no Kansas City. Brady deve acreditar que, ao deixar o New England para trás, está conquistando para si uma oportunidade melhor de fazer algo que nunca foi feito antes: um quarterback titular de 43 anos vencer o Super Bowl.

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Os torcedores dos Buccaneers também devem acreditar nisso, ou devem ao menos estar curiosos para ver até onde Brady consegue chegar na busca pelo feito inédito. Depois que o Tampa Bay teve uma das piores médias de público entre os 32 times do campeonato na temporada passada, os interessados na compra de ingressos para a temporada inteira sobrecarregaram o site do time, formando filas de mais de 5.000 compradores, de acordo com a ESPN. E, coincidentemente, o Super Bowl LV foi marcado para o Raymond James Stadium, em Tampa, na Flórida, novo lar de Brady.

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