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Torcida brasileira grita e vaia norte-americanos no Pan

Por ALBERTO ALERIGI JR.
Atualização:

Barulho, muito barulho. Torcedores brasileiros não poupam esforços quando o assunto é apoiar o país e seleções latinas nos Jogos Pan-Americanos. E a delegação norte-americana, que lidera com folga o quadro de medalhas, sabe muito bem disso. Na ginástica artística, nesta terça-feira, o nível de agitação dos brasileiros que apoiavam a equipe era tamanho que os organizadores tiveram que pedir calma pelos alto-falantes da Arena Olímpica do Rio. "Vamos mostrar nossa cordialidade aos ginastas de todos os países", disseram. Um dos grandes alvos das vaias em um dos momentos era o norte-americano Guillermo Alvarez. No Maracanã, durante a cerimônia de abertura do Pan, os atletas dos Estados Unidos foram vaiados pela multidão. Na esgrima, no badminton e no taekwondo também. Misto de "inveja", protesto e brincadeira dos torcedores, as provocações contra a delegação norte-americana já podem ser consideradas um novo esporte coletivo dos Jogos. "Viva Fidel e a revolução, Cuba sim, yankees não", berrava a torcida no Maracanãzinho durante jogo da seleção feminina de vôlei cubana contra os EUA, na segunda-feira. A cada saque dos EUA, as vaias ecoavam estrondosas e tomavam por completo o ginásio. Nem a presença da capitã Danielle Scott Arruda, que é casada com um brasileiro, aliviou a barra das norte-americanas. "As vaias não são diretamente para os atletas americanos, são contra o governo e o presidente que eles representam", disse o historiador Samuel Farias, 42, torcedor brasileiro que levou para o ginásio uma bandeira de Cuba para gritar "Olê, olê, olê, olá...Cuba, Cuba". O sociólogo Gabriel Soarez, 29, que puxava a torcida nos jogos de badminton batendo o pé com força na arquibancada, tem uma teoria um pouco diferente. "Há dois tipos de vaias, a para perturbar (os jogadores) e a com motivações políticas", afir mou. Mas há outros motivos ainda. INVEJA "As pessoas têm inveja mesmo dos EUA", diz o filho de norte-americano com brasileira Dayne Henri, 18, enquanto assistia a uma partida de beisebol com uma bandeira dos EUA nas costas. "Lá eles investem no esporte, aqui não há incentivo." Apesar de sonoras, as vaias muitas vezes acabam ajudando os atletas norte-americanos, garante Danielle Scott, do vôlei dos EUA. "Faz parte", disse, resignada. "Sempre que tiver gente para assisitir ao vôlei é melhor, mesmo que seja contra a gente. Temos que aproveitar para unir mais o nosso time." A colega de Danielle, Angela Akers, do vôlei de praia, segue a mesma linha com sua receita para usar a "paixão dos brasileiros" em proveito próprio. "Você pode aproveitar essa energia das vaias para o mal ou para o bem. Eu uso para mim mesma, para me focar mais nos nossos jogos." (Reportagem adicional de Camila Moreira, Pedro Fonseca e Tatiana Ramil)

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