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Torcida de credenciados tumultua ainda mais final do tênis

Por PEDRO FONSECA
Atualização:

A torcida da final do tênis era daquelas que "cabe numa kombi", mas nem por isso os atletas se sentiram desamparados na hora da última medalha. Fosse na arena com capacidade para 2.600 pessoas no Clube do Marapendi, e certamente todos teriam passado desapercebidos. Mas os cerca de 100 espectadores que assistiram à vitória de Flávio Saretta sobre o chileno Adrián Garcia na obscura quadra coberta da Academia de Tênis do Recreio, escolhida por causa da chuva, conseguiram tumultuar o ambiente. O mini-público deu uma aula de deselegância com celulares tocando a todo momento, conversas em alto volume no radio e ríspidas discussões com troca de xingamentos entre chilenos e brasileiros, além claro das já conhecidas vaias. Detalhe: dessa vez não se pode culpar a cultura futebolística dos torcedores brasileiros pelos incidentes, uma vez que a platéia era formada quase exclusivamente por convidados, dirigentes, atletas e jornalistas. Não houve entrada de torcedores. Quem comprou ingresso terá o dinheiro devolvido. "É difícil segurar a onda de todo mundo, na quadra coberta qualquer barulinho da eco, qualquer coisa fica muito alto. É claro que atrapalha, mas não foi só para mim," disse Saretta, que por diversas vezes durante o jogo pediu silêncio ao torcedores e demonstrou irritação quando os celulares tocavam. Exaltados pelo emoção da partida, em que os dois tenistas trocaram por diversas vezes de posição na liderança, os chilenos enotaram coros de apoio ao tenista do país. Apesar de em menor número, eles eram melhor organizados e pareciam se multiplicar. Os brasileiros demoraram mas responderam, liderados por uma líder de torcida inesperada, a árbitra auxiliar de futebol Ana Paula de Oliveira, que disse ter "amigos em comum" com Saretta. A cada ponto para o brasileiro, fossem por um acerto seu ou por erro do adversário, Ana Paula saltava da cadeira e pedia o incentivo dos outros espectadores, entre eles funcionários do clube, motoristas da organização e alguns poucos convidados de Saretta. "Tenho muitos amigos que gostam de tênis e que são amigos do Saretta também. Viemos juntos para ver a final, mas também assistimos à final do vôlei masculino ontem," disse ela à Reuters. Um dos mais animados com a presença de Ana Paula era Felipe Valério, de 17 anos, boleiro do clube que mal podia acreditar que a decisão da última medalha de ouro do Pan-Americano estava sendo disputada em seu local de trabalho. Ele ficou mais surpreso ainda ao ver a bandeira, considerada musa dos gramados. "Isso aqui nunca teve tanta gente assim, e pelo o que eu estou acostumado dos torneios internos, a torcida hoje está bem mais animada," disse.

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